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Produtores criticam concurso que premia só filmes do Rio e de São Paulo
DA REPORTAGEM LOCAL
A insatisfação de produtores
de cinema com o recém-anunciado resultado (preliminar) de
um concurso federal que destinará R$ 15 milhões para a produção de longas derivou em críticas ao projeto do MinC de
mudança da Lei Rouanet.
Batizado de Prodecine, o
concurso promovido pelo Fundo Setorial do Audiovisual
anunciou na semana passada
os 30 finalistas, entre 217 projetos originalmente inscritos.
O processo de seleção empregou consultores externos
(os chamados pareceristas) e
um "sistema de pontuação" baseado no currículo dos produtores e nas características do
projeto inscrito.
É esse, segundo o MinC, o
modelo a ser adotado pelos
fundos setoriais previstos no
projeto da Nova Rouanet. Em
suma, o concurso do Fundo Setorial do Audiovisual representa o modo como o ministério
pretende administrar a distribuição de recursos de acordo
com a Nova Lei Rouanet, caso
seu projeto seja aprovado.
O ministro da Cultura, Juca
Ferreira, preside o comitê do
fundo setorial do audiovisual.
Entre os 30 projetos de longas que passaram à final do
concurso, 22 têm produção originária do Rio de Janeiro, e oito, de São Paulo.
"Não existe nenhum projeto
de nenhum outro Estado. Estou indignadíssima", diz a produtora gaúcha Marta Machado,
cujo projeto da animação "Fuga em Ré Menor para Kraunus
e Pletskaya", com direção de
Otto Guerra, foi eliminado.
"O mote da reforma da Lei
Rouanet é acabar com a concentração dos recursos incentivados [por renúncia fiscal] no
Sudeste. O que o Fundo Setorial do Audiovisual está fazendo é ir justamente no sentido
contrário da proposta do ministro Juca Ferreira. Isso me
parece uma incoerência muito
grande de discurso", diz Marta.
O presidente da Ancine
(Agência Nacional do Cinema),
Manoel Rangel, que integra o
comitê gestor do fundo, argumenta que "não houve nenhuma reivindicação, de nenhuma
associação ou entidade, ao longo do período de abertura dos
editais [do concurso] para que
houvesse cota ou fator de indução regional. Ou seja, houve
ampla aceitação pelo setor da
ideia de que o fundo deveria
premiar os melhores projetos
naquele universo de seleção".
Sobre os finalistas, Rangel
afirma que "a lista é consistente" e "reúne a a ampla diversidade do cinema brasileiro: há
comédia, romance, musical, infantil, drama, ação, animações,
um documentário, além de um
universo de produtoras muito
pequenas e de produtoras muito grandes, de diretores estreantes e veteranos, de cineastas com forte apelo autoral e
outros com forte apelo de comunicação com o público".<
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