São Paulo, segunda-feira, 20 de julho de 2009

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Produtores criticam concurso que premia só filmes do Rio e de São Paulo

DA REPORTAGEM LOCAL

A insatisfação de produtores de cinema com o recém-anunciado resultado (preliminar) de um concurso federal que destinará R$ 15 milhões para a produção de longas derivou em críticas ao projeto do MinC de mudança da Lei Rouanet.
Batizado de Prodecine, o concurso promovido pelo Fundo Setorial do Audiovisual anunciou na semana passada os 30 finalistas, entre 217 projetos originalmente inscritos.
O processo de seleção empregou consultores externos (os chamados pareceristas) e um "sistema de pontuação" baseado no currículo dos produtores e nas características do projeto inscrito.
É esse, segundo o MinC, o modelo a ser adotado pelos fundos setoriais previstos no projeto da Nova Rouanet. Em suma, o concurso do Fundo Setorial do Audiovisual representa o modo como o ministério pretende administrar a distribuição de recursos de acordo com a Nova Lei Rouanet, caso seu projeto seja aprovado.
O ministro da Cultura, Juca Ferreira, preside o comitê do fundo setorial do audiovisual.
Entre os 30 projetos de longas que passaram à final do concurso, 22 têm produção originária do Rio de Janeiro, e oito, de São Paulo.
"Não existe nenhum projeto de nenhum outro Estado. Estou indignadíssima", diz a produtora gaúcha Marta Machado, cujo projeto da animação "Fuga em Ré Menor para Kraunus e Pletskaya", com direção de Otto Guerra, foi eliminado.
"O mote da reforma da Lei Rouanet é acabar com a concentração dos recursos incentivados [por renúncia fiscal] no Sudeste. O que o Fundo Setorial do Audiovisual está fazendo é ir justamente no sentido contrário da proposta do ministro Juca Ferreira. Isso me parece uma incoerência muito grande de discurso", diz Marta.
O presidente da Ancine (Agência Nacional do Cinema), Manoel Rangel, que integra o comitê gestor do fundo, argumenta que "não houve nenhuma reivindicação, de nenhuma associação ou entidade, ao longo do período de abertura dos editais [do concurso] para que houvesse cota ou fator de indução regional. Ou seja, houve ampla aceitação pelo setor da ideia de que o fundo deveria premiar os melhores projetos naquele universo de seleção".
Sobre os finalistas, Rangel afirma que "a lista é consistente" e "reúne a a ampla diversidade do cinema brasileiro: há comédia, romance, musical, infantil, drama, ação, animações, um documentário, além de um universo de produtoras muito pequenas e de produtoras muito grandes, de diretores estreantes e veteranos, de cineastas com forte apelo autoral e outros com forte apelo de comunicação com o público".<

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