No livro "7 Vidas", o quadrinista André Diniz relata suas experiências ao longo de dois anos de terapia

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Calendário imaginado pelo personagem para "voltar no tempo"

PEDRO CIRNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Não é de hoje que artistas expõem suas biografias nas próprias obras, mas o quadrinista carioca André Diniz "extrapolou". Em um mesmo livro, ele conta um momento de sua vida... E de mais algumas outras vidas dele mesmo. Afinal, o recém-lançado "7 Vidas - A Aventura de uma Pessoa em Seus Passados" é um relato autobiográfico de sua experiência com terapia de vidas passadas.
Narrado em primeira pessoa, o livro relata os cerca de dois anos em que Diniz se submeteu a uma terapia de regressões na qual entraria em contato com existências anteriores. De regressão em regressão, Diniz vai narrando experiências que vão de ser um órfão que não se encaixa em família alguma a ser queimado vivo, passando por um casamento feliz e por uma vida como sacerdote religioso.
"É tudo extremamente real dentro do que um livro de vidas passadas pode ser", explica. "Não digo que fui isso ou aquilo em outra encarnação. Digo o que vi. Em nenhum momento defendo ou afirmo que há vidas passadas. Isso é com o leitor".
Diniz conta que seu maior desafio foi transformar lembranças que às vezes eram apenas sensações ou imagens em cenas com diálogos e palavras. Para tanto, contou com a ajuda do desenhista Antonio Eder, com quem já havia trabalhado no livro "Chalaça - O Amigo do Imperador".
"Em muitos casos, eu passava lacunas: não tinha certeza da época ou do lugar, então ele não podia especificar demais", conta o roteirista.
Diniz afirma não acreditar que o tema possa afastar leitores céticos. "Pode despertar interesse mesmo em quem não acredita em terapias passadas e crê que seja tudo criação do meu inconsciente", opina ele. "Acho curiosas algumas explicações científicas: muitas são mais mirabolantes do que a possibilidade da existência de vidas passadas".
"O que me motivou a escrever foi a espiritualidade, sem estar preso a qualquer tipo de crença ou fé", conta Diniz. Ele diz acreditar que há algum tipo de existência além do corpo, mas que não segue uma religião específica, embora, "como a maioria dos brasileiros", tenha contato com várias.
O quadrinista sabe que um relato tão detalhado pode influenciar o leitor a estudar mais o tema. "Não tenho nenhum daqueles relatos típicos: tinha fobia de água, fiz um tratamento e agora sou campeão de natação. Foi um exercício de autoconhecimento muito interessante. Não mudou minha vida, mas foi positivo".