São Paulo, segunda, 20 de julho de 1998

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CONTOS MÍNIMOS
Restos de um sonho

HELOISA SEIXAS

Na manhã fria, chuvosa, o mendigo dorme. Nem o tráfego pesado, nem os transeuntes apressados, nem o martelar de uma obra ali perto, nada é capaz de despertá-lo. Dorme profundamente, embora a manhã já vá alta. É uma segunda-feira triste, e triste é também aquela figura, que tem por travesseiro um emaranhado de panos e uma muleta, sobre a qual adormeceu, zeloso -provavelmente seu único bem. Ou talvez não. Talvez haja outro. Sim, porque, se reparamos bem, veremos que tem por cobertor uma bandeira do Brasil, resto de um sonho ainda há pouco desfeito.



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