São Paulo, segunda, 20 de julho de 1998

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Cultura emprega mais em Salvador

CHRISTIANNE GONZÁLEZ
da Agência Folha, em Salvador

Uma pesquisa realizada pela Secretaria da Cultura da Bahia aponta que 7,2% da população economicamente ativa da região metropolitana de Salvador está empregada no setor cultural.
O percentual corresponde a 93,6 mil pessoas, de um total de 1,3 milhão de trabalhadores.
Enquanto o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) registra um crescimento no desemprego na região, a área cultural vem expandindo o número de vagas.
Hoje, a área cultural emprega mais que a construção civil, responsável por 5,5% do total de empregos da região, e encosta na indústria de transformação (química, metalúrgica, produtos alimentícios, papel), que responde por 8,6% dos empregos, e é considerada o carro-chefe da economia baiana, com 21,8% de participação no PIB (Produto Interno Bruto) do ano passado.
Segundo a pesquisa da Secretaria da Cultura do Estado, o setor cultural apresentou 4,4% de participação no PIB baiano de 1997.
"Só para dar uma idéia de como o setor cultural vem se expandindo na Bahia, o turismo, que sempre foi um dos nossos maiores atrativos, teve apenas 3,7% de participação no PIB do ano passado", disse o secretário estadual da Cultura, Paulo Gaudenzi.
A pesquisa da Secretaria da Cultura revela que as famílias baianas gastam, em média, 8% de seus orçamentos domésticos mensais com bens culturais -discos, livros, shows, peças teatrais e produtos típicos da culinária regional.
De acordo com a pesquisa, o percentual do orçamento doméstico mensal gasto com bens culturais equivale a R$ 86,04 por família.
Para a supervisora do Dieese, Lavínia Moura, a participação da cultura no PIB do Estado poderia ser ainda mais significativa se houvesse uma melhor distribuição de renda.
Cerca de 50% dos trabalhadores ocupados na região metropolitana de Salvador ganham menos de R$ 240 por mês e só 10% recebem acima de R$ 1.200, segundo o Dieese.
"O bem cultural ainda é muito caro para o padrão econômico da maioria das famílias", disse Lavínia Moura.
Gaudenzi afirma que a tendência do setor é de crescimento e profissionalização.
"Estamos inaugurando novos equipamentos culturais e fomentando o Fazcultura (lei estadual de incentivo à cultura) para impulsionar a abertura de novos postos de trabalho e a profissionalização do setor", declarou.
Este ano, pelo menos oito novos teatros e 12 salas de cinema foram abertos em Salvador. Além disso, cerca de R$ 6 milhões foram aplicados na cultura por meio da lei de incentivos.
A previsão orçamentária da Secretaria da Cultura para 1998 é de R$ 218,3 milhões. No ano passado, o orçamento do setor foi de R$ 103,3 milhões.
A pesquisa sobre o setor cultural foi realizada no final de 1997. O número de desempregados era de 270 mil. Divulgada em abril, a última pesquisa do Dieese registrou 333 mil desempregados em Salvador e nas cidades próximas.



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