São Paulo, segunda, 20 de julho de 1998

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MODA
Versolato e Versace abrem temporada

Matuiti Mayezo/folha Imagem
A brasileira Fernanda Tavares, destaque do desfile de Ocimar Versolato


JOYCE PASCOWITCH
enviada especial a Paris

Começou anteontem, muito bem, aliás, com sol e Gianni Versace, a temporada de desfiles de alta-costura outono-inverno 98.
O "start" foi dado por Ocimar Versolato, que mostrou uma coleção revigorada no novo atelier da Place Vendôme, parte da nova fase de investimentos do grupo Pessoa de Queiroz no único brasileiro que faz parte da Câmara de Alta-Costura da França.
Trilha sonora de Angela Maria e MPB-4, platéia de brasileiros famosos de passagem por Paris, compradores das grandes lojas de Nova York, além de editores de moda de todas as revistas que contam: "Vogue" americana e inglesa, "Harper's Bazaar", jornais franceses.
As roupas fizeram bonito, numa mistura balanceada de tecidos como musselina, cashmere, crepe, tafetá e mohair, tudo bem resolvido, com detalhes e bordados corretos. Tanto o corte quanto as cores -tons de bege, grená, cinza, toques sutis de preto, no ponto.
Uma pitada de Cardin, uma outra de Courrèges, em releitura própria, minimalista. Plissados em organza de seda marfim, vestidos em tons grená, t-shirt e saia com renda preta: aplausos. Saia bordada justa, de franjas com espelhos, outro hit. Sapatos brasileiros, da Ferri. Tops também brasileiras, as duas lolitas do momento, Fernanda Tavares e Gisele Bundchen, que fizeram fino também à noite, no desfile de Gianni Versace, na piscina do hotel Ritz.
Mas isso já é o segundo capítulo: começa com os drinques no bar do hotel, o fotógrafo Patrick Demarchellier, o preferido da princesa Diana, junto com Liz Tilberis, a poderosa editora da "Harper's Bazaar", Isabella Rosselini, o costureiro Azzedine Alaia, champanhe ao cair da tarde.
A coleção de Gianni Versace foi uma lição de vida. Explica-se: foi a primeira depois da morte do estilista -e estava maravilhosa, tudo sob os cuidados da irmã, Donatella Versace, que mostrou que não está aí só para continuar.
Ela veio se mostrar -e mostrar que entende de alta-costura, e não apenas de prêt-à-porter. Sabe deixar a mulher maravilhosa com cortes e decotes inesperados. Quando a gente pensa que o vestido fechado na frente virá com um decotaço nas costas, necas. E quando surge um pretinho mais comportado, longo, a saia surge curta, reta, só atrás.
Naomi Campbell abre o desfile e rouba o ar do recinto a cada entrada. Melanie Griffith, Jon Bon Jovi, Matt Dillon e Jennifer Lopez, a cucaracha do momento, amam, aplaudem e dão alimento aos fotógrafos: o circo continua.
Tecidos novos, como crinas curtas de cavalos tratados. Parece estranho? É maravilhoso. Qualquer mulher ciente de sua sexualidade amaria qualquer um dos modelos. Sem erros, muitos acertos: tailleurs sexy, decotados, brancos. Gianni Versace pode descansar em paz: o leite da família está garantido.



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