São Paulo, sexta-feira, 20 de agosto de 2004

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FILMES

Advogado do Diabo
SBT, 22h30.
 
(The Devil's Advocate). EUA, 1997, 144 min. Direção: Taylor Hackford. Com Keanu Reeves, Al Pacino. Jovem e talentoso advogado (Reeves) aceita proposta para trabalhar com um não tão jovem, mas também muito talentoso advogado (Pacino). O início é todo alegria: sucesso, dinheiro etc. Depois Reeves descobrirá que tanto sucesso nos tribunais e na vida tem um custo altíssimo. Um filme que começa bem e depois degringola dolorosamente, perdendo o sentido na medida que evolui para filme de terror.

Alerta Vermelho
SBT, 3h45.
  
(Hostile Waters). EUA, 1997, 94 min. Direção: David Drury. Com Rutger Hauer, Martin Sheen, Max von Sydow. Ao fugir de nave americana, submarino russo choca-se com ela. Seguem-se avarias. Problema grave, pois ali há megatons e megatons, prontos para explodir. Segue-se suspense de praxe. Feito para TV. (IA)

Bovary além da imaginação

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

A cada "Madame Bovary" a pergunta volta: mas o filme ganha ou perde do romance de Flaubert?
O exemplo de hoje (Eurochannel, 22h) fica por conta da bela versão de Claude Chabrol. E a pergunta fica sem resposta porque ela é, antes de tudo, pedante.
É preciso ver, em primeiro lugar, que ninguém ou quase mais lê, a não ser livros da moda ou que caiam no vestibular -o mundo da leitura acabou.
Em segundo lugar, não esperemos de um filme o que ele não pode dar. Um filme, obra-prima que fosse, não igualaria nunca a obra-prima literária em que é baseado.
Mas, se a imaginação do leitor sempre bate a do filme, a força de Isabelle Huppert como Bovary dificilmente é superada pela de nossa imaginação.

DOCUMENTÁRIO

Mito ofusca Burroughs em programa

DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Se ler as obras de William S. Burroughs (1914-97) não é a forma mais confiável para se descobrir algo da história de vida do polêmico autor, um documentário de televisão talvez fosse a alternativa mais segura, correto? Errado.
"Visões do Mundo: William Burroughs", como o próprio escritor que lhe dá nome, escapa a categorizações ao ponto que fica difícil distinguir história e ficção, e conseqüentemente, autor e mito.
Padrinho da geração beat, que inclui escritores como Jack Kerouac e Allen Ginsberg, até o final de sua vida, Burroughs foi adotado por outras gerações mais novas, da pop art nova-iorquina ao punk rock, do teatro de Bob Wilson aos fãs de ficção científica da década de 80. Todos prestaram homenagens e pediram conselhos ao "papa" da cultura junkie.
Este pseudo-documentário é mais uma dessas homenagens, agora prestada pelo diretor francês Jean-François Vallée. Produzido a partir de entrevistas concedidas pelo autor em vida e de citações de trechos de seus livros ("Almoço Nu", "Junky" etc.), o filme faz pouco para lançar luz sobre a já esfumaçada trajetória do escritor homossexual, nascido no Missouri (EUA), neto de um dos pioneiros na indústria de computação daquele país.
Sobre a sua participação no assassinato da própria mulher, na década de 40, pouco se adianta para além da anedota preferida das mesas de bar, de que o crime teria resultado de uma brincadeira com arma que acabou mal.
Suas passagens pelo México, América do Sul e Tânger (Marrocos), são mais bem retratadas como viagens espirituais do que propriamente factuais.
Sobra uma emulação, em imagens, da dinâmica de colagens e do fluxo de consciência invariavelmente entorpecido do escritor. Suas inúmeras referências ocultas, como afirma um dos entrevistados, ainda darão muito trabalho para os pesquisadores da obra de Burroughs. Isso, quando a poeira do mito abaixar.


VISÕES DO MUNDO: WILLIAM BURROUGHS. Quando: hoje, às 9h30, na Rede SescSenac.


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