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FILMES
Advogado do Diabo
SBT, 22h30.
(The Devil's Advocate). EUA, 1997, 144
min. Direção: Taylor Hackford. Com
Keanu Reeves, Al Pacino. Jovem e
talentoso advogado (Reeves) aceita
proposta para trabalhar com um não tão
jovem, mas também muito talentoso
advogado (Pacino). O início é todo
alegria: sucesso, dinheiro etc. Depois
Reeves descobrirá que tanto sucesso nos
tribunais e na vida tem um custo
altíssimo. Um filme que começa bem e
depois degringola dolorosamente,
perdendo o sentido na medida que
evolui para filme de terror.
Alerta Vermelho
SBT, 3h45.
(Hostile Waters). EUA, 1997, 94 min.
Direção: David Drury. Com Rutger Hauer,
Martin Sheen, Max von Sydow. Ao fugir
de nave americana, submarino russo
choca-se com ela. Seguem-se avarias.
Problema grave, pois ali há megatons e
megatons, prontos para explodir. Segue-se suspense de praxe. Feito para TV.
(IA)
Bovary além da imaginação
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
A cada "Madame Bovary" a pergunta volta: mas
o filme ganha ou perde do
romance de Flaubert?
O exemplo de hoje (Eurochannel, 22h) fica por conta
da bela versão de Claude
Chabrol. E a pergunta fica
sem resposta porque ela é,
antes de tudo, pedante.
É preciso ver, em primeiro lugar, que ninguém ou
quase mais lê, a não ser livros da moda ou que caiam
no vestibular -o mundo
da leitura acabou.
Em segundo lugar, não
esperemos de um filme o
que ele não pode dar. Um
filme, obra-prima que fosse, não igualaria nunca a
obra-prima literária em que
é baseado.
Mas, se a imaginação do
leitor sempre bate a do filme, a força de Isabelle Huppert como Bovary dificilmente é superada pela de
nossa imaginação.
DOCUMENTÁRIO
Mito ofusca Burroughs em programa
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Se ler as obras de William S.
Burroughs (1914-97) não é a forma mais confiável para se descobrir algo da história de vida do polêmico autor, um documentário
de televisão talvez fosse a alternativa mais segura, correto? Errado.
"Visões do Mundo: William
Burroughs", como o próprio escritor que lhe dá nome, escapa a
categorizações ao ponto que fica
difícil distinguir história e ficção, e
conseqüentemente, autor e mito.
Padrinho da geração beat, que
inclui escritores como Jack Kerouac e Allen Ginsberg, até o final
de sua vida, Burroughs foi adotado por outras gerações mais novas, da pop art nova-iorquina ao
punk rock, do teatro de Bob Wilson aos fãs de ficção científica da
década de 80. Todos prestaram
homenagens e pediram conselhos
ao "papa" da cultura junkie.
Este pseudo-documentário é
mais uma dessas homenagens,
agora prestada pelo diretor francês Jean-François Vallée. Produzido a partir de entrevistas concedidas pelo autor em vida e de citações de trechos de seus livros
("Almoço Nu", "Junky" etc.), o
filme faz pouco para lançar luz sobre a já esfumaçada trajetória do
escritor homossexual, nascido no
Missouri (EUA), neto de um dos
pioneiros na indústria de computação daquele país.
Sobre a sua participação no assassinato da própria mulher, na
década de 40, pouco se adianta
para além da anedota preferida
das mesas de bar, de que o crime
teria resultado de uma brincadeira com arma que acabou mal.
Suas passagens pelo México,
América do Sul e Tânger (Marrocos), são mais bem retratadas como viagens espirituais do que
propriamente factuais.
Sobra uma emulação, em imagens, da dinâmica de colagens e
do fluxo de consciência invariavelmente entorpecido do escritor.
Suas inúmeras referências ocultas, como afirma um dos entrevistados, ainda darão muito trabalho
para os pesquisadores da obra de
Burroughs. Isso, quando a poeira
do mito abaixar.
VISÕES DO MUNDO: WILLIAM
BURROUGHS. Quando: hoje, às 9h30, na
Rede SescSenac.
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