São Paulo, sexta-feira, 20 de agosto de 2004

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CINEMA

Compositor Elmer Bernstein morre nos EUA

PAULO SANTOS LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Elmer Bernstein, um dos mais versáteis compositores da história do cinema, com mais de 200 trabalhos assinados, morreu anteontem, aos 82, em sua casa em Ojai, Califórnia. Ele sofria, há anos, de uma doença não divulgada, e sua assessora apenas afirmou que ele morreu enquanto dormia.
Indicado ao Oscar por 14 vezes, entre trilhas sonoras e canções, ironicamente Bernstein ganhou a estatueta por um trabalho menor, em "Positivamente Willie", em 1968. Um dos seus grandes trabalhos seria para o faroeste "Sete Homens e um Destino" (60).
Elmer nasceu em Nova York e desde cedo trilhou o caminho artístico. Durante a Segunda Guerra Mundial foi pianista da divisão aérea do Exército norte-americano, onde teve maior contato com o folk e pôde compor partituras para os programas de rádio da instituição.
Com bons trabalhos no currículo, como o noir "Sudden Fear", Elmer trabalhou com filmes de baixíssimo orçamento no início dos anos 50 graças à política macarthista, que perseguia simpatizantes de esquerda, como ele.
Mas "Robot Monster" (53) e "Cat Women of the Moon" (53) foram dois filmes B que deram a chance dele trabalhar, pela primeira vez na história, com música eletrônica.
Dois anos depois ele seria um precursor, novamente, ao assinar a primeira trilha sonora inteiramente de jazz com "O Homem do Braço de Ouro", de Otto Preminger. A partir daí, trafegaria por vários gêneros, trazendo para o cinema de Hollywood o som europeu, típico de colegas de profissão como Max Steiner e Miklos Rosza, e fundindo-o com músicas que criariam forte diálogo com o western, o musical, o thriller e o drama, dependendo do filme. Isso abrilhantaria sua reputação entre os músicos e concederia várias indicações e prêmios, nas próximas décadas, de Globo de Ouro a Grammy.
Seus grandes trabalhos coincidiram com filmes de alta qualidade, como "O Homem de Alcatraz" (62), "O Sol É para Todos" (62), "Bravura Indômita" (69), os últimos sete trabalhos de John Wayne no cinema e alguns trabalhos, já nos anos 80, com John Landis, como "Trocando as Bolas" (83).
Na última década, preservou sua reputação de livre trânsito pelos gêneros, resgatando a música de Bernard Herrmann para "Cabo do Medo" (91), de Martin Scorsese. Com o diretor, ainda faria "A Época da Inocência" e "Gangues de Nova York". Trabalhou também com a nova geração, ao assinar a trilha de "Quero Ser John Malkovich", de Spike Jonze, e, para manter a tradição, foi indicado ao Oscar, no ano passado, pela trilha de "Longe do Paraíso", de Todd Haynes.


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