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CINEMA
Compositor Elmer Bernstein morre nos EUA
PAULO SANTOS LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Elmer Bernstein, um dos mais
versáteis compositores da história
do cinema, com mais de 200 trabalhos assinados, morreu anteontem, aos 82, em sua casa em Ojai,
Califórnia. Ele sofria, há anos, de
uma doença não divulgada, e sua
assessora apenas afirmou que ele
morreu enquanto dormia.
Indicado ao Oscar por 14 vezes,
entre trilhas sonoras e canções,
ironicamente Bernstein ganhou a
estatueta por um trabalho menor,
em "Positivamente Willie", em
1968. Um dos seus grandes trabalhos seria para o faroeste "Sete
Homens e um Destino" (60).
Elmer nasceu em Nova York e
desde cedo trilhou o caminho artístico. Durante a Segunda Guerra
Mundial foi pianista da divisão
aérea do Exército norte-americano, onde teve maior contato com
o folk e pôde compor partituras
para os programas de rádio da
instituição.
Com bons trabalhos no currículo, como o noir "Sudden Fear",
Elmer trabalhou com filmes de
baixíssimo orçamento no início
dos anos 50 graças à política macarthista, que perseguia simpatizantes de esquerda, como ele.
Mas "Robot Monster" (53) e
"Cat Women of the Moon" (53)
foram dois filmes B que deram a
chance dele trabalhar, pela primeira vez na história, com música
eletrônica.
Dois anos depois ele seria um
precursor, novamente, ao assinar
a primeira trilha sonora inteiramente de jazz com "O Homem do
Braço de Ouro", de Otto Preminger. A partir daí, trafegaria por vários gêneros, trazendo para o cinema de Hollywood o som europeu, típico de colegas de profissão
como Max Steiner e Miklos Rosza, e fundindo-o com músicas
que criariam forte diálogo com o
western, o musical, o thriller e o
drama, dependendo do filme. Isso abrilhantaria sua reputação entre os músicos e concederia várias
indicações e prêmios, nas próximas décadas, de Globo de Ouro a
Grammy.
Seus grandes trabalhos coincidiram com filmes de alta qualidade, como "O Homem de Alcatraz" (62), "O Sol É para Todos"
(62), "Bravura Indômita" (69), os
últimos sete trabalhos de John
Wayne no cinema e alguns trabalhos, já nos anos 80, com John
Landis, como "Trocando as Bolas" (83).
Na última década, preservou
sua reputação de livre trânsito pelos gêneros, resgatando a música
de Bernard Herrmann para "Cabo do Medo" (91), de Martin
Scorsese. Com o diretor, ainda faria "A Época da Inocência" e
"Gangues de Nova York". Trabalhou também com a nova geração, ao assinar a trilha de "Quero
Ser John Malkovich", de Spike
Jonze, e, para manter a tradição,
foi indicado ao Oscar, no ano passado, pela trilha de "Longe do Paraíso", de Todd Haynes.
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