São Paulo, domingo, 20 de agosto de 2006

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Crítica

Série revê grandes poetas brasileiros

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

O documentário nos vende a suposição de que o que registra é "a verdade". Para a poesia, ao contrário, tudo começa por ser quimera. O encontro paradoxal dessas duas formas é o que podemos ver hoje em "É Tudo Verdade" (Canal Brasil, 16h).
O que Amir Labaki descolou é precioso: os documentários do escritor Fernando Sabino sobre alguns dos principais poetas brasileiros.
O primeiro sai de uma parceria de Sabino com David Neves e nos traz um Carlos Drummond de Andrade ora maroto, ora devoto às amizades, conversador e ao mesmo tempo reservado. E Drummond ao primeiro olhar parece simples.
O segundo, sobre Manuel Bandeira, tem o bom senso de absorver o documentário de estréia de Joaquim Pedro de Andrade, "O Mestre de Apicucos". Joaquim Pedro capta no poeta a sincera alegria de um viver modesto, materialmente, e voltado para uma imaginação tão fértil quanto sintética.
O filme dedicado a João Cabral de Melo Neto não se beneficia dessa intimidade. Trata-o com solenidade. É abaixo do que se poderia esperar. Já o de Vinicius de Morais sofre um pouco com a mistura de poemas e canções. Afinal, conhecemos bem o Vinicius da música. Sua poesia, uma bela lírica, acabou até um tanto soterrada. De todo modo é com Vinicius que a série mostra sua face mais real: é o adeus a um Rio capital que viveu nesses homens e, aos poucos, desaparece.


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