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Crítica
Série revê grandes poetas brasileiros
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
O documentário nos
vende a suposição de
que o que registra é "a
verdade". Para a poesia, ao contrário, tudo começa por ser quimera. O encontro paradoxal
dessas duas formas é o que podemos ver hoje em "É Tudo Verdade" (Canal Brasil, 16h).
O que Amir Labaki descolou
é precioso: os documentários
do escritor Fernando Sabino
sobre alguns dos principais
poetas brasileiros.
O primeiro sai de uma parceria de Sabino com David Neves
e nos traz um Carlos Drummond de Andrade ora maroto,
ora devoto às amizades, conversador e ao mesmo tempo reservado. E Drummond ao primeiro olhar parece simples.
O segundo, sobre Manuel
Bandeira, tem o bom senso de
absorver o documentário de
estréia de Joaquim Pedro de
Andrade, "O Mestre de Apicucos". Joaquim Pedro capta no
poeta a sincera alegria de um
viver modesto, materialmente,
e voltado para uma imaginação
tão fértil quanto sintética.
O filme dedicado a João Cabral de Melo Neto não se beneficia dessa intimidade. Trata-o
com solenidade. É abaixo do
que se poderia esperar. Já o de
Vinicius de Morais sofre um
pouco com a mistura de poemas e canções. Afinal, conhecemos bem o Vinicius da música.
Sua poesia, uma bela lírica, acabou até um tanto soterrada. De
todo modo é com Vinicius que
a série mostra sua face mais
real: é o adeus a um Rio capital
que viveu nesses homens e, aos
poucos, desaparece.
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