São Paulo, sexta-feira, 20 de agosto de 2010

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OPINIÃO

Não há música feita no Brasil sem influência de Ary Barroso

RONALDO EVANGELISTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ary Barroso é importante por tudo. Nascido em 1903, sua história se confunde com a da música brasileira.
Pianista sofisticado, Ary tocava para acompanhar filmes mudos no cinema Odeon, participava de orquestras que tocavam no Rio e viajavam o país, compunha para o teatro de revista, participava de concursos de canções de Carnaval -e isso tudo antes de entrar para o rádio, quando se tornou realmente famoso, em meados da década de 1930.
Pelas rádios como Mayrink Veiga e Nacional, Ary, que também era autor de novelas, locutor e comentarista esportivo (quando usava uma gaita pra anunciar gols), lançou incontáveis carreiras nos famosos programas de calouros que promovia.
Exigente, só aceitava que executassem música brasileira e literalmente gongava os maus cantores e músicos.
Todas as biografias passam por Ary Barroso: Raul de Souza, Elza Soares, Luiz Gonzaga, Dolores Duran, Jamelão e centenas de outros começaram ali.
Se já teria o nome nas enciclopédias garantido pelo tanto que fez, o lugar no Olimpo Ary garantiu com a sofisticação de suas canções e suas inovações como compositor. A música acima de tudo em sua história.
Não foi apenas o inventor do samba-exaltação, com "Aquarela do Brasil", ou lançador da tendência nacional de cantar a Bahia, com "No Tabuleiro da Baiana" e "Na Baixa do Sapateiro", mas também sucesso internacional com todas elas.
Nascido mineiro, vivendo no Rio de Janeiro, apaixonado pelo Nordeste, juntou suas influências em animadas crônicas da vida carioca, como em "Camisa Amarela", "Morena Boca de Ouro", "É Luxo Só", e belos sambas como "Na Virada da Montanha", "Pra Machucar meu Coração", "Caco Velho", "Risque" e "Folha Morta".
Todo seu cancioneiro na íntegra é um panorama da nossa música: não há o que tenha sido feito desde então que não tenha sentido a influência de Ary Barroso.


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