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ENTREVISTA
Integrante do grupo de rap Fugees vem ao Brasil em novembro para lançar CD solo sobre o Carnaval
Wyclef Jean revela influência caribenha
SÉRGIO MARTINS
especial para a Folha
Wyclef Jean, 26, vem ao Brasil
mostrar seu telecoteco de influências caribenhas. O rapper haitiano
deve desembarcar no país em novembro para promover seu álbum
solo, "Wyclef Jean Presents The
Carnival", lançado nos Estados
Unidos no início de julho.
Ele é uma espécie de Joãosinho
Trinta do Grêmio Recreativo Unidos do Refugee Camp. Trabalha
duro nas composições, veste a música dos Fugees com samples da
melhor qualidade e prepara o terreno para a batucada verbal dos
parceiros Lauryn Hill e Pras.
Essa receita transformou os Fugees em supercampeões do rap
americano. "The Score", segundo álbum do grupo, vendeu 11 milhões de discos no mundo todo.
"Carnival" leva adiante as
idéias de Wyclef. Num disco semiconceitual, o rapper revive suas
raízes caribenhas (na regravação
de "Guantanamera"), sampleia
"Stayin' Alive", dos Bee Gees, e
compõe uma sinfonia hip hop.
Em entrevista exclusiva à Folha,
Wyclef falou sobre as gravações de
"Carnival" e explicou o esquema
de criação dos Fugees. Leia abaixo
os melhores momentos.
Folha - O que significa "The Carnival"?
Wyclef Jean - Minha família é
do Haiti, país em que o Carnaval é
bastante popular. Tudo pode
acontecer no Carnaval. Crianças
brincando, prostituição e o apocalipse, quando a polícia vem reprimir a diversão.
Folha - Você conhece o Carnaval
brasileiro?
Jean - Não, mas devo visitar o
Brasil em novembro para promover "The Carnival". A princípio,
vou fazer performances como DJ.
Porém estou com vontade de tocar
em alguns clubes.
Folha - Por que você decidiu regravar "Guantanamera"?
Jean - Para nós, haitianos, essa
música tem um significado muito
forte. Trata-se de uma canção de
luta, de resistência. E também sou
fã de Celia Cruz. Eu a convidei para
cantar no disco, ela aceitou.
Folha - No disco há também um
sample de "Stayin' Alive", dos Bee
Gees. A disco music influenciou
sua música?
Jean - Eu amo disco music, ela
faz parte da minha infância. E
"Stayin' Alive" é uma canção
simbólica. A letra é uma mensagem para o pessoal se manter vivo,
deixar de lado a violência, que já
levou Tupac Shakur.
Folha -Como funciona o trabalho
entre os Fugees?
Jean - Eu produzo os discos e
componho a maioria das músicas.
Pras cuida dos negócios -ele inclusive deve lançar uma grife dos
Fugees. E Lauryn canta e compõe.
Folha - Vocês são criticados por
se aproveitarem de músicas dos
outros para fazer sucesso.
Jean - Eu acho que o rap está
dando muito dinheiro, daí a preocupação das pessoas. Podemos
utilizar samples de algumas canções, mas criamos novas melodias
e letras para elas. Sobre as gravações, é certo que tivemos sucesso
com "Killing Me Softly". Mas há
melodias originais, como "Ready
Or Not".
Folha - Você recentemente participou de "Fallen Is Babylon", novo
disco de Ziggy Marley e Melody
Makers. Como aconteceu essa
aproximação?
Jean - Eu conheci Steve Marley
(irmão mais novo de Ziggy) no
ano passado, quando excursionamos na turnê "Smookin' Grooves". Ele me apresentou aos Melody Makers e fizemos uma nova
versão para "No Woman No
Cry", que foi utilizada no nosso
disco "Bootleg Versions". Depois, fui convidado a participar do
novo álbum de Ziggy. Foi uma
honra. Bob Marley foi uma das minhas maiores influências.
Folha - As letras dos Fugees têm
diversas referências cinematográficas, como "O Poderoso Chefão"
(na capa de "The Score"). Qual
sua ligação com o cinema?
Jean - Eu adoro cinema, sou fã
de Francis Ford Coppola. Pena que
eu não tenho tido muito tempo para assistir a filmes. O último a que
assisti foi "A Outra Face". Mas
sabe qual é o melhor filme de todos
os tempos? É "Orfeu do Carnaval". Devo ter visto umas dez vezes. Amo a história, as músicas...
Folha - Há planos de uma refilmagem de "Orfeu do Carnaval"...
Jean - É mesmo? Será que não
tem nenhum papel para mim?
Adoraria trabalhar nesse filme!
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