São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 2002

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MÚSICA/LANÇAMENTOS

INDEPENDENTES

Distorções e ruídos moldam "Panzertúnel", novo CD da banda

Objeto Amarelo lança novos ataques sonoros

THIAGO NEY
DA REDAÇÃO

Há alguns bons segredos no rock feito no Brasil que, mesmo longe das prateleiras da maioria das lojas de discos e dos ouvidos "antenados" das grandes gravadoras, teimam em brotar no circuito independente. Um deles é "Panzertúnel".
Lançado pelo selo Bizarre, este é o segundo álbum da banda paulista Objeto Amarelo. É um conjunto de 38 canções -talvez "fragmentos sonoros" caiba melhor- distorcidas, ruidosas, que fogem muito do que se conhece no mundo pop do país. "Não acho que as nossas músicas caibam no formato tradicional das rádios", diz, sobre o "apelo pop" de seu grupo, Carlos Issa, 32, que criou o Objeto Amarelo em 99. A banda conta ainda com Marcelo Fusco, baixista, e o baterista Michael Arms, ambos com 31 anos.
"Panzertúnel" é obra de Issa. Ele fez o álbum num estúdio portátil de quatro canais que tem em casa. O processo: "Gravo no primeiro canal uma base de bateria eletrônica, bem simples; ouvindo essa base, coloco a guitarra em outro canal; no terceiro, gravo uma voz ou outra guitarra; no último, ou eu dobro a voz ou coloco outro instrumento, como teclados, ou qualquer ruído...", explica. "É como preencher a música com camadas." O resultado final é registrado depois em fita cassete.
Assim, o custo para criar "Panzertúnel" e apresentá-lo à gravadora, segundo Issa, foi de R$ 200. "Gastei R$ 50 com fitas cassete e R$ 150 para masterizar o disco."
O método, barato e ao mesmo tempo com inúmeras possibilidades, leva a experimentalismos, mas o disco não se perde em experimentações ou pretensões desnecessárias: "Aeromodelo" tem uma levada sessentista carregada por batida eletrônica; "Berne Biônico" é tão ensurdecedora quanto qualquer coisa do Atari Teenage Riot; "Klube", em que se encaixam trechos de Patife Band e Gun Club, termina como garage rock...
"É meio que um conceito de blocos sonoros", diz Issa. "Isso não é novo no rock; você cria um som tosco a partir de colagens."
Ao vivo o resultado é outro: o grupo se apresenta em meio a projeções e intervenções sonoras da dupla audiovisual Fêmur. "Funciona quase como uma banda punk. Eles [o Fêmur" criam fontes e imagens a partir das nossas músicas", afirma Issa. Para conferir o que é isso, boa chance é o novo projeto Noite Alternativa, em São Paulo, no próximo dia 30, com show do Objeto Amarelo.


PANZERTÚNEL - artista: Objeto Amarelo. Lançamento: Bizarre. Quanto: R$ 20, em média. Onde encontrar/ encomendar: Bizarre (tel. 0/xx/11/3331-7933); Fnac (tel. 0/xx/11/3097-0022)


NOITE ALTERNATIVA - show do Objeto Amarelo. Onde: Café Aurora (r. 13 de Maio, 112, SP, tel. 0/xx/11/3214-6420). Quando: 30/9, às 23h. Quanto: R$ 5.


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