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MÚSICA/LANÇAMENTOS
INDEPENDENTES
Distorções e ruídos moldam "Panzertúnel", novo CD da banda
Objeto Amarelo lança novos ataques sonoros
THIAGO NEY
DA REDAÇÃO
Há alguns bons segredos no
rock feito no Brasil que, mesmo
longe das prateleiras da maioria
das lojas de discos e dos ouvidos
"antenados" das grandes gravadoras, teimam em brotar no circuito independente. Um deles é
"Panzertúnel".
Lançado pelo selo Bizarre, este é
o segundo álbum da banda paulista Objeto Amarelo. É um conjunto de 38 canções -talvez
"fragmentos sonoros" caiba melhor- distorcidas, ruidosas, que
fogem muito do que se conhece
no mundo pop do país. "Não
acho que as nossas músicas caibam no formato tradicional das
rádios", diz, sobre o "apelo pop"
de seu grupo, Carlos Issa, 32, que
criou o Objeto Amarelo em 99. A
banda conta ainda com Marcelo
Fusco, baixista, e o baterista Michael Arms, ambos com 31 anos.
"Panzertúnel" é obra de Issa. Ele
fez o álbum num estúdio portátil
de quatro canais que tem em casa.
O processo: "Gravo no primeiro
canal uma base de bateria eletrônica, bem simples; ouvindo essa
base, coloco a guitarra em outro
canal; no terceiro, gravo uma voz
ou outra guitarra; no último, ou
eu dobro a voz ou coloco outro
instrumento, como teclados, ou
qualquer ruído...", explica. "É como preencher a música com camadas." O resultado final é registrado depois em fita cassete.
Assim, o custo para criar "Panzertúnel" e apresentá-lo à gravadora, segundo Issa, foi de R$ 200.
"Gastei R$ 50 com fitas cassete e
R$ 150 para masterizar o disco."
O método, barato e ao mesmo
tempo com inúmeras possibilidades, leva a experimentalismos,
mas o disco não se perde em experimentações ou pretensões desnecessárias: "Aeromodelo" tem
uma levada sessentista carregada
por batida eletrônica; "Berne Biônico" é tão ensurdecedora quanto
qualquer coisa do Atari Teenage
Riot; "Klube", em que se encaixam trechos de Patife Band e Gun
Club, termina como garage rock...
"É meio que um conceito de
blocos sonoros", diz Issa. "Isso
não é novo no rock; você cria um
som tosco a partir de colagens."
Ao vivo o resultado é outro: o
grupo se apresenta em meio a
projeções e intervenções sonoras
da dupla audiovisual Fêmur.
"Funciona quase como uma banda punk. Eles [o Fêmur" criam
fontes e imagens a partir das nossas músicas", afirma Issa. Para
conferir o que é isso, boa chance é
o novo projeto Noite Alternativa,
em São Paulo, no próximo dia 30,
com show do Objeto Amarelo.
PANZERTÚNEL - artista: Objeto Amarelo. Lançamento: Bizarre. Quanto:
R$ 20, em média. Onde encontrar/ encomendar: Bizarre (tel. 0/xx/11/3331-7933); Fnac (tel. 0/xx/11/3097-0022)
NOITE ALTERNATIVA - show do Objeto Amarelo. Onde: Café Aurora (r. 13 de
Maio, 112, SP, tel. 0/xx/11/3214-6420). Quando: 30/9, às 23h. Quanto: R$ 5.
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