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São Paulo, sábado, 20 de setembro de 2003

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FILMES

TV ABERTA

"O Olho Mágico" reflete abusos dos anos 80

Louco por Você
Globo, 23h05.

(Down to You). EUA, 2000, 97 min. Direção: Kris Isacsson. Com Freddie Prinze Jr., Julia Styles. Homem e rapaz encontram-se, apaixonam-se, questionam a paixão, afastam-se, voltam. Comédia romântica em que comentaristas vêem lugares-comuns em toda parte. Não será de espantar. Inédito.

Hope - A Cidade em Conflito
SBT, 23h45.

(Hope). EUA, 97, 120 min. Direção: Goldie Hawn. Com Jena Malone, Christine Lahti. J.T. Walsh. Nos anos 60, no Sul dos EUA, um estranho introduz a menina Lilly Kate a fatos que ignorava sobre sua mãe, e que dizem respeito à sua participação na luta contra o racismo. Feito para TV, na única experiência de Goldie Hawn na direção, até aqui. Inédito.

O Olho Mágico do Amor
Bandeirantes, 1h.

Brasil, 81, 86 min. Direção: Ícaro Martins e José Antonio Garcia. Com Tânia Alves, Carla Camurati, Enio Gonçalves, Sergio Mamberti. Garota (Camurati) que arranja emprego como secretária na zona de prostituição toma contato, por um buraco, das atividades de uma prostituta (Alves). O efeito sobre seu imaginário é retumbante. Um belo filme sobre sexualidade, com um pé na Vila Madalena e outro na Boca do Lixo. E momento de descoberta de Carla Camurati. Um dos bons e desabusados filmes brasileiros dos anos 80.

Nenhum Álibi
SBT, 1h40.

(No Alibi). EUA, 99. Direção: Bruce Pittman. Com Dean Cain, Lexa Doig, Eric Roberts. A fim de pagar as dívidas que tinha com um criminoso, moça aproxima-se de homem de negócios, pressiona-o, chantegia-o e finalmente o mata. Problema: a essas alturas a moça estava apaixonada pelo irmão do finado. Pouco a esperar.

Perigoso Desejo
Globo, 2h45.

(Dangerous Desires). Canadá/Japão, 93, 96 min. Direção: Paul Donovan. Com Richard Grieco, Maryam d'Abo. Uma geneticista faz experiência para salvar a vida do amante. Mas o problema libertará o animal que existe no rapaz, com consequências dolorosas. O que se propõe é um misto de ficção científica de horror com "erotic thriller". Perigoso é a palavra.

Pague para Entrar, Reze para Sair
SBT, 3h25.

(The Funhouse). EUA, 81, 96 min. Direção: Tobe Hooper. Com Elizabeth Berridge, Cooper Huckabee. Há um grupo de jovens e há uma casa onde ocorrem coisas pouco ortodoxas, como sempre. Mas Hooper estava em seu melhor momento e trabalha o terror sem apelar para os rios de sangue de praxe. Só para São Paulo.

A Noite das Brincadeiras Mortais
SBT, 5h10.

(April Fool's Day). EUA, 86, 91 min. Direção: William Fruet. Com Martin Hewitt, Ralph Seymour. Festa congrega estudantes em um velho casarão, cheio de má fama. O pior virá. (IA)

TV PAGA

Presente apaga memória do filme nacional

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

O filme "Eu, Tu, Eles" estréia no Canal Brasil no mesmo momento em que se leva um "Festival Antonio Calmon".
Trata-se de uma oportunidade rara para comparar, mais do que dois estilos, duas épocas conflitantes. "Eu, Tu, Eles" começa por trazer algo libertário já em seu argumento: uma mulher casada com três homens de uma só vez. Mais ainda, o filme de Andrucha Waddington nos conduz ao Nordeste, àquilo que, na mitologia nacionalista, melhor representa o Brasil.
A partir daí, podemos discutir, como quer a pesquisadora Ivana Bentes, se estamos na "cosmética da fome", que seria, grosso modo, um desvirtuamento da estética da fome de Glauber Rocha.
Isto é: evoca-se um lugar geográfico caro ao cinema novo, descobrem-se rostos pobres, como fazia o cinema novo, mas o resultado é bem outro. Estamos diante de um cinema de espetáculo, em que tanto a terra como o homem têm qualidades antes de mais nada cenográficas.
Não é o mundo convulsivo de Glauber, o que nos traz Andrucha, mas um outro, aquietado, satisfeito consigo mesmo. Um mundo de cinema publicitário, não será exagerado dizer.
Mas seria de fato o caso de culpar "Eu, Tu, Eles" por ser antípoda do cinema novo? Seus realizadores parecem de fato ignorar a história do cinema brasileiro. Mas não é isso o que se tem passado desde os anos 90 no Brasil? Não se está de certo modo apagando a memória incômoda -de filmes pobres, transgressores, mal-educados- e substituindo-a por um cinema bem-educado?
Não há muita alternativa: se se quer uma indústria de cinema, é preciso andar junto com o público (o de hoje, que não é o público popular de 20 ou 30 anos atrás). O de hoje vai ao cinema para evadir-se. "Eu, Tu, Eles" é essa imagem de um Brasil que se evade.


EU, TU ELES. Quando: hoje, às 23h, no Canal Brasil.


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