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FILMES
TV ABERTA
"O Olho Mágico" reflete abusos dos anos 80
Louco por Você
Globo, 23h05.
(Down to You). EUA, 2000, 97 min.
Direção: Kris Isacsson. Com Freddie
Prinze Jr., Julia Styles. Homem e rapaz
encontram-se, apaixonam-se,
questionam a paixão, afastam-se,
voltam. Comédia romântica em que
comentaristas vêem lugares-comuns em
toda parte. Não será de espantar.
Inédito.
Hope - A Cidade em Conflito
SBT, 23h45.
(Hope). EUA, 97, 120 min. Direção: Goldie
Hawn. Com Jena Malone, Christine Lahti.
J.T. Walsh. Nos anos 60, no Sul dos EUA,
um estranho introduz a menina Lilly Kate
a fatos que ignorava sobre sua mãe, e
que dizem respeito à sua participação na
luta contra o racismo. Feito para TV, na
única experiência de Goldie Hawn na
direção, até aqui. Inédito.
O Olho Mágico do Amor
Bandeirantes, 1h.
Brasil, 81, 86 min. Direção: Ícaro Martins
e José Antonio Garcia. Com Tânia Alves,
Carla Camurati, Enio Gonçalves, Sergio
Mamberti. Garota (Camurati) que arranja
emprego como secretária na zona de
prostituição toma contato, por um
buraco, das atividades de uma prostituta
(Alves). O efeito sobre seu imaginário é
retumbante. Um belo filme sobre
sexualidade, com um pé na Vila
Madalena e outro na Boca do Lixo. E
momento de descoberta de Carla
Camurati. Um dos bons e desabusados
filmes brasileiros dos anos 80.
Nenhum Álibi
SBT, 1h40.
(No Alibi). EUA, 99. Direção: Bruce
Pittman. Com Dean Cain, Lexa Doig, Eric
Roberts. A fim de pagar as dívidas que
tinha com um criminoso, moça
aproxima-se de homem de negócios,
pressiona-o, chantegia-o e finalmente o
mata. Problema: a essas alturas a moça
estava apaixonada pelo irmão do finado.
Pouco a esperar.
Perigoso Desejo
Globo, 2h45.
(Dangerous Desires). Canadá/Japão, 93,
96 min. Direção: Paul Donovan. Com
Richard Grieco, Maryam d'Abo. Uma
geneticista faz experiência para salvar a
vida do amante. Mas o problema
libertará o animal que existe no rapaz,
com consequências dolorosas. O que se
propõe é um misto de ficção científica de
horror com "erotic thriller". Perigoso é a
palavra.
Pague para Entrar, Reze para
Sair
SBT, 3h25.
(The Funhouse). EUA, 81, 96 min.
Direção: Tobe Hooper. Com Elizabeth
Berridge, Cooper Huckabee. Há um
grupo de jovens e há uma casa onde
ocorrem coisas pouco ortodoxas, como
sempre. Mas Hooper estava em seu
melhor momento e trabalha o terror sem
apelar para os rios de sangue de praxe.
Só para São Paulo.
A Noite das Brincadeiras
Mortais
SBT, 5h10.
(April Fool's Day). EUA, 86, 91 min.
Direção: William Fruet. Com Martin
Hewitt, Ralph Seymour. Festa congrega
estudantes em um velho casarão, cheio
de má fama. O pior virá.
(IA)
TV PAGA
Presente apaga memória do filme nacional
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
O filme "Eu, Tu, Eles" estréia
no Canal Brasil no mesmo
momento em que se leva um
"Festival Antonio Calmon".
Trata-se de uma oportunidade
rara para comparar, mais do que
dois estilos, duas épocas conflitantes. "Eu, Tu, Eles" começa por
trazer algo libertário já em seu argumento: uma mulher casada
com três homens de uma só vez.
Mais ainda, o filme de Andrucha
Waddington nos conduz ao Nordeste, àquilo que, na mitologia
nacionalista, melhor representa o
Brasil.
A partir daí, podemos discutir,
como quer a pesquisadora Ivana
Bentes, se estamos na "cosmética
da fome", que seria, grosso modo,
um desvirtuamento da estética da
fome de Glauber Rocha.
Isto é: evoca-se um lugar geográfico caro ao cinema novo, descobrem-se rostos pobres, como
fazia o cinema novo, mas o resultado é bem outro. Estamos diante
de um cinema de espetáculo, em
que tanto a terra como o homem
têm qualidades antes de mais nada cenográficas.
Não é o mundo convulsivo de
Glauber, o que nos traz Andrucha, mas um outro, aquietado, satisfeito consigo mesmo. Um
mundo de cinema publicitário,
não será exagerado dizer.
Mas seria de fato o caso de culpar "Eu, Tu, Eles" por ser antípoda do cinema novo? Seus realizadores parecem de fato ignorar a
história do cinema brasileiro. Mas
não é isso o que se tem passado
desde os anos 90 no Brasil? Não se
está de certo modo apagando a
memória incômoda -de filmes
pobres, transgressores, mal-educados- e substituindo-a por um
cinema bem-educado?
Não há muita alternativa: se se
quer uma indústria de cinema, é
preciso andar junto com o público (o de hoje, que não é o público
popular de 20 ou 30 anos atrás). O
de hoje vai ao cinema para evadir-se. "Eu, Tu, Eles" é essa imagem
de um Brasil que se evade.
EU, TU ELES. Quando: hoje, às 23h, no
Canal Brasil.
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