São Paulo, quinta-feira, 20 de setembro de 2007

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Crítica

"Natal da Portela" vê contradições de um homem

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Há filmes tortos e há personagens tortos. Ao Natal de "Natal da Portela" (Canal Brasil, 19h30) faltava um braço. Mas isso não o impedia de dominar Madureira, de animar a Portela, de controlar o jogo do bicho e de construir hospitais para a "comunidade".
"Natal" foi um dos maiores fracassos da história do cinema brasileiro. Deve ser porque é magnificamente bem dirigido, porque Milton Gonçalves tem uma interpretação inesquecível. E, sobretudo, porque Paulo César Saraceni cria o retrato de um homem com suas mil contradições sem a menor preocupação de harmonizá-las, suprimi-las ou aplainá-las.
Vivemos falando mal do maniqueísmo de Hollywood, mas gostamos mesmo é de distinguir heróis de vilões. Não raro, nossos filmes forçam a distinção -e da maneira mais tola possível. Em geral, são os que fazem sucesso.
"Natal" restitui um homem, seu tempo e suas circunstâncias em sua inteireza e ambigüidade. Foi tido por "mau filme". Azar o nosso.


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