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Produtor se destaca entre "indies"
Engenheiro de som Gustavo Lenza assina as produções de discos de Céu e Lucas Santtana, alguns dos melhores do ano
Valorizando a atmosfera retrô dos anos 70 e sons jamaicanos, produtor começou trabalhando
com cantores sertanejos
BRUNA BITTENCOURT
DA REPORTAGEM LOCAL
Gustavo Lenza é o denominador comum de alguns dos
principais nomes da cena independente brasileira. Pelas
mãos do paulistano já passaram discos de Racionais MC's,
Cidadão Instigado, Mombojó,
Turbo Trio, Romulo Fróes e
3namassa. E depois de anos
envolvido na parte técnica da
gravação e finalização de álbuns desses e de outros artistas, Lenza se revela também
um bom produtor.
No ano passado, coproduziu
"Japan Pop Show", segundo
trabalho de Curumin, que frequentou as listas dos melhores
lançamentos de 2008. Neste
ano, dividiu com outros nomes
a produção dos elogiados discos de Céu ("Vagarosa") e Lucas Santtana ("Sem Nostalgia"). Em 2006, coproduziu
"Transfiguração", do Cordel do
Fogo Encantado
"Você começa a dar uns palpites, e a pessoa gosta ou não",
diz, sobre sua lenta transição
de engenheiro de som para
produtor.
No disco ainda inédito da
cantora Luisa Maita, Lenza iria
fazer apenas a mixagem -etapa na qual as faixas são finalizadas. "Comecei a mudar o
som também. Ela curtiu e me
deu o crédito de produção em
algumas músicas." O mesmo
aconteceu com "São Mateus
Não É um Lugar Assim Tão
Longe", de Rodrigo Campos.
"Quando você adquire a confiança do produtor, do artista,
começa a mexer e acaba produzindo. Tem muito trabalho que
eu meti a mão", conta.
Lenza já dividiu produções
com nomes tarimbados como
Antonio Pinto (autor da trilha
do filme "Cidade de Deus"),
Beto Villares (Zélia Duncan),
Miranda (O Rappa) e Alê Siqueira (Tribalistas e Tom Zé).
Ao lado de Siqueira, gravou
com Caetano Veloso a trilha de
"Onqotô", espetáculo do Grupo Corpo.
Sertanejos
O envolvimento de Lenza,
34, com a música começou na
época do colégio. Por quase dez
anos, tocou guitarra em uma
banda "meio MPB-rock-pop,
meio faculdade" que tinha com
amigos. Nos shows do grupo,
era sempre ele quem ia conversar com o responsável pela mesa de som.
Lenza acabou no estúdio dos
pais de uma amiga. "Cortava fitas, limpava o estúdio e ganhava zero", relembra. Só largou o
estágio para terminar a faculdade de administração. Mas
deixou o diploma de lado para
trabalhar como assistente de
gravação em um grande estúdio de São Paulo, e trabalhou
com diversos sertanejos.
"Só de Zezé di Camargo &
Luciano gravei quatro discos.
Bruno & Marrone eu vi nascer.
Para a Wanessa Camargo, fiz a
primeira demo."
Depois, passou pela YB, produtora, estúdio e gravadora
paulistana. Ali, envolvido com
a gravação e suas etapas posteriores -edição, mixagem e
masterização- conheceu nomes como Instituto e BNegão.
Pouco depois, passou a
acompanhar Nação Zumbi,
Curumin e Céu, entre outros,
em suas turnês, comandando a
mesa de som dos shows, o que
faz até hoje, mas com menos
frequência para focar em seu
trabalho em estúdio. "Também preciso me preservar. O
ouvido vai desgastando", diz,
sobre o volume do som ao vivo.
Entre produções tão díspares, Lenza vê em comum uma
sonoridade "vintage", calcada
em timbres analógicos e instrumentos antigos.
"É o que toda essa galera curte: o som que vem da Jamaica,
da África, dos Estados Unidos
dos anos 70, do samba de raiz
brasileiro."
Para ele, o bom produtor é
aquele que extrai e registra o
trabalho do artista, sem colocar
tanto sua marca. "E eu tenho
feito coisas com quem está
muito bem. Não queria estar
em outro lugar."
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