São Paulo, domingo, 20 de setembro de 2009

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Produtor se destaca entre "indies"

Engenheiro de som Gustavo Lenza assina as produções de discos de Céu e Lucas Santtana, alguns dos melhores do ano

Valorizando a atmosfera retrô dos anos 70 e sons jamaicanos, produtor começou trabalhando com cantores sertanejos

BRUNA BITTENCOURT
DA REPORTAGEM LOCAL

Gustavo Lenza é o denominador comum de alguns dos principais nomes da cena independente brasileira. Pelas mãos do paulistano já passaram discos de Racionais MC's, Cidadão Instigado, Mombojó, Turbo Trio, Romulo Fróes e 3namassa. E depois de anos envolvido na parte técnica da gravação e finalização de álbuns desses e de outros artistas, Lenza se revela também um bom produtor.
No ano passado, coproduziu "Japan Pop Show", segundo trabalho de Curumin, que frequentou as listas dos melhores lançamentos de 2008. Neste ano, dividiu com outros nomes a produção dos elogiados discos de Céu ("Vagarosa") e Lucas Santtana ("Sem Nostalgia"). Em 2006, coproduziu "Transfiguração", do Cordel do Fogo Encantado
"Você começa a dar uns palpites, e a pessoa gosta ou não", diz, sobre sua lenta transição de engenheiro de som para produtor.
No disco ainda inédito da cantora Luisa Maita, Lenza iria fazer apenas a mixagem -etapa na qual as faixas são finalizadas. "Comecei a mudar o som também. Ela curtiu e me deu o crédito de produção em algumas músicas." O mesmo aconteceu com "São Mateus Não É um Lugar Assim Tão Longe", de Rodrigo Campos.
"Quando você adquire a confiança do produtor, do artista, começa a mexer e acaba produzindo. Tem muito trabalho que eu meti a mão", conta.
Lenza já dividiu produções com nomes tarimbados como Antonio Pinto (autor da trilha do filme "Cidade de Deus"), Beto Villares (Zélia Duncan), Miranda (O Rappa) e Alê Siqueira (Tribalistas e Tom Zé). Ao lado de Siqueira, gravou com Caetano Veloso a trilha de "Onqotô", espetáculo do Grupo Corpo.

Sertanejos
O envolvimento de Lenza, 34, com a música começou na época do colégio. Por quase dez anos, tocou guitarra em uma banda "meio MPB-rock-pop, meio faculdade" que tinha com amigos. Nos shows do grupo, era sempre ele quem ia conversar com o responsável pela mesa de som.
Lenza acabou no estúdio dos pais de uma amiga. "Cortava fitas, limpava o estúdio e ganhava zero", relembra. Só largou o estágio para terminar a faculdade de administração. Mas deixou o diploma de lado para trabalhar como assistente de gravação em um grande estúdio de São Paulo, e trabalhou com diversos sertanejos.
"Só de Zezé di Camargo & Luciano gravei quatro discos. Bruno & Marrone eu vi nascer. Para a Wanessa Camargo, fiz a primeira demo."
Depois, passou pela YB, produtora, estúdio e gravadora paulistana. Ali, envolvido com a gravação e suas etapas posteriores -edição, mixagem e masterização- conheceu nomes como Instituto e BNegão.
Pouco depois, passou a acompanhar Nação Zumbi, Curumin e Céu, entre outros, em suas turnês, comandando a mesa de som dos shows, o que faz até hoje, mas com menos frequência para focar em seu trabalho em estúdio. "Também preciso me preservar. O ouvido vai desgastando", diz, sobre o volume do som ao vivo.
Entre produções tão díspares, Lenza vê em comum uma sonoridade "vintage", calcada em timbres analógicos e instrumentos antigos.
"É o que toda essa galera curte: o som que vem da Jamaica, da África, dos Estados Unidos dos anos 70, do samba de raiz brasileiro."
Para ele, o bom produtor é aquele que extrai e registra o trabalho do artista, sem colocar tanto sua marca. "E eu tenho feito coisas com quem está muito bem. Não queria estar em outro lugar."


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