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MUNDO GOURMET
Melhor ficar com o narguilé para esquecer os dissabores
JOSIMAR MELO
COLUNISTA DA FOLHA
Um amigo recomendou o
restaurante; ao chegar, a
cenografia é atraente; já são dois
motivos para acender uma expectativa positiva. Mas o saldo
de duas visitas ao Tanger foi decepcionante.
As sinuosas instalações, os forros de tenda árabe, o mobiliário,
contribuem para sugerir uma
viagem ao Marrocos. Mas os
problemas se sucedem. O liquidificador, no bar do meio do salão, incomoda. A fumaça num
aquecedor, quando foge ao controle, sufoca. As bebidas podem
chegar depois da comida, que
pode vir fria.
Há uma evidente descoordenação entre as instâncias que
compõem um restaurante. Especialmente quando a casa enche, talvez pelo atraente cenário,
que revela a mão da proprietária: a israelense Ariela Doctors,
27 anos, antes produtora de cinema e TV por oito anos.
O nascimento do Tanger derivou do interesse de Ariela pela
culinária de sua avó marroquina, e que sua mãe, Dinah Doctors, 50, também nascida no
Marrocos, procura transmitir
em seu trabalho na cozinha.
O problema não se restringe,
porém, à temperatura do prato.
Tome-se, por exemplo, o cuscuz
royal, mais nobre representante
do prato nacional, o cuscuz
marroquino. Em sua terra, ele
combina pedaços de cordeiro e
legumes com o cuscuz de sêmola, tudo banhado no caldo dos
cozimentos, resultando num
conjunto úmido que exala perfumes. No Tanger, não há caldos, o prato é árido como o deserto.
Os tagines de cordeiro, em
duas versões (com ameixas ou
com pêra ao mel), vêm com frutas sem suculência e sem molho.
Menos mal, há um petisco, as
pastillas (fina massa com recheio de frango ou de salmão),
ambas saborosas embora frias
por dentro; e o salmão, entre os
pratos mais franceses (embora o
nome, "à l'unilateral", evoque
um preparado que seria bem
mais malpassado). Melhor fumar o aromático narguilé da casa para esquecer os dissabores.
Cotação: $$°Avaliação:
Restaurante: Tanger (r. Fradique
Coutinho, 1.664, Vila Madalena, zona
oeste, tel. 0/xx/11/3037-7223)
Horário: ter. e qua., das 12h às 15h e
das 20h à 0h; qui. e sex., das 12h às 15h
e das 20h à 1h; sáb., das 13h às 16h30 e
das 20h à 1h; dom., das 13h às 16h30
Cozinha: áridos pratos marroquinos
Ambiente: bem típico e
aconchegante
Serviço: desconexo
Quanto: couvert, R$ 3,50; entradas e
saladas, de R$ 7,20 a R$ 14,50; pratos
principais, de R$ 18 a R$ 23;
sobremesas, de R$ 5,20 a R$ 7,20
$ (até R$ 22); $$ (de R$ 22,01 a R$ 42);
$$$ (de R$ 42,01 a R$ 62); $$$$ (acima
de R$ 62). Avaliação: excelente ;
ótimo ; bom ; regular (sem estrela); ruim
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