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São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 2003

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27ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SP

O diretor Wolfgang Becker fala de seu "Adeus, Lênin!", que impulsionou na Alemanha nostalgia do comunismo

Embuste vermelho

Divulgação
Em "Adeus, Lênin!', Daniel Brühl é um jovem que poupa a mãe, comunista e doente, de saber da queda do muro de Berlim


FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar do muro de Berlim ter caído em 9 de novembro de 1989, ele ainda continuou existindo por muitos meses no apartamento de 79 m2 da família Kerner, próximo de Alexanderplatz, coração da então capital da República Democrática Alemã (RDA). Tudo graças a Alex, filho de Christiane Becker, que, após um coma prolongado de sua mãe no hospital, na véspera do marco histórico que levou o capitalismo para Berlim Oriental, não a deixou tomar um choque com a surpresa.
Alex manteve a mãe, uma militante comunista, acamada e escondeu o colapso do sistema com a ajuda de vizinhos e amigos. Ele produzia noticiários para televisão, levava militantes mirins para cantar hinos ao regime, reutiliza potes de alimentos característicos da RDA. Assim, o comunismo se manteve vivo além do que conta a história.
Bem, a história não conta tais fatos pois eles são, é claro, elementos ficcionais do filme "Adeus, Lenin!" ("Good Bye, Lenin!"), do alemão Wolfgang Becker, que é exibido hoje, amanhã, quarta e sábado, na Mostra BR de Cinema.
Desde que estreou, no Festival de Cinema de Berlim, em fevereiro último, a produção arrematou o prêmio de melhor produção européia do festival, ganhou em sete categorias do Prêmio Lola, o mais prestigiado da Alemanha, foi escolhido para representar o país no Oscar de filme estrangeiro em 2004 e já foi visto por mais de seis milhões de pessoas, o que o torna a produção nacional mais vista na terra de Wim Wenders.
"Nunca esperei por tal recepção. Agora sou um diretor de sucesso, o que me parece estranho, pois sempre gostei de histórias que falavam de gente comum. Mas creio ter sorte, pois o filme chegou na época certa, 60 países já o compraram", disse Becker por telefone à Folha, de Berlim, onde vive, na última semana. Era prevista para ontem sua chegada a São Paulo para as exibições.
Por "época certa", Becker refere-se a um sentimento "retrô" que passou a se chamar de "ostalgie", isto é, nostalgia do tempo comunista na Alemanha do leste ("ost", em alemão). O filme ajudou a impulsionar a "ostalgie" entre os alemães e ganhou subprodutos, como camisas e canecas. Até roupas de oficiais da RDA passaram a ser alugadas por R$ 180 por semana.
Durante a entrevista, Becker perguntou sobre os melhores locais com natureza ("eu não gosto de cidades") e contou que daqui só assistiu a "Central do Brasil".


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