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27ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SP
Para diretor de "Adeus, Lênin!", filme acaba se aprofundando mais no contexto histórico ao retratar melhor os personagens
"O cinema pode ser um espelho", diz Becker
DA REPORTAGEM LOCAL
"Espero que o Lula seja melhor
que [Erich] Honecker (1912-94),
pois ele perverteu o ideário comunista", disse Wolfgang Becker à
Folha sobre o ex-presidente da
RDA que afirmava que o muro de
Berlim duraria mais cem anos, às
vésperas da queda.
Leia a seguir os melhores trechos da entrevista com o diretor.
(FABIO CYPRIANO)
Folha - O que te levou à história
de "Adeus, Lênin!"?
Wolfgang Becker - Recebi o roteiro de Bernd Lichtenberg. Li o
texto após o café da manhã, fui
em seguida encontrá-lo em Colônia e já estávamos trabalhando
nesse mesmo dia. Gostei da idéia
desde o começo, gosto desse tipo
de humor que mistura realidade.
Não estava interessado na reunificação, mas na mistura de humor e
tristeza, como aconteceu com "A
Vida É Tudo que Temos" [produção do diretor em 1997]. O contexto, em ambos os filmes, funciona com um comentário irônico.
Folha - Mas o contexto no filme
acabou repercutindo muito, não?
Becker - Creio que, quando se
concentram histórias em personagens autênticos, isso sempre reflete a situação da sociedade. Veja
os filmes dos anos 50 na Itália, por
exemplo, como eles falam daquele país naquele período, mas é
sempre o contexto. Quanto mais
você retrata bem um personagem, mais você fala do contexto.
Assim, o cinema pode ser como
um espelho que, ao focar um personagem, reflete tudo ao redor.
Folha - E quanto ao que hoje se
chama de "ostalgie" na Alemanha?
Becker - Nós começamos a produção em 99, quando não havia
"ostalgie". O roteirista e eu somos
ocidentais, mas creio que após 11
anos da queda começou uma intensa reflexão sobre o que aconteceu, não só sobre o que se ganhou,
mas sobre o que se perdeu.
Folha - Após o sucesso de "Adeus,
Lênin!", o senhor espera convites
de Hollywood?
Becker - Muitos pensam que fazer filme em Hollywood pode ser
um sonho, mas sei que pode ser
um pesadelo também. Lá, o diretor, com exceções, nunca faz a
edição final, não decide sobre o
elenco, e eu venho da tradição européia que é o inverso disso. O
que sei é que será difícil fazer um
filme com tanto sucesso como
"Adeus, Lênin!".
ADEUS, LÊNIN!. De: Wolfgang Becker.
Produção: Alemanha, 2003. Com Daniel
Brühl e Katrin Sass. Quando: hoje, às
21h50, no Cinesesc; amanhã, às 18h40,
no Cinearte 1; dia 22, às 22h, no
Unibanco Arteplex 1; e dia 25, às 15h45,
na Sala UOL; amanhã, às 10h, sessão
exclusiva para estudantes secundaristas,
no Cinearte 1.
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