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São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 2003

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27ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SP

Para diretor de "Adeus, Lênin!", filme acaba se aprofundando mais no contexto histórico ao retratar melhor os personagens

"O cinema pode ser um espelho", diz Becker

DA REPORTAGEM LOCAL

"Espero que o Lula seja melhor que [Erich] Honecker (1912-94), pois ele perverteu o ideário comunista", disse Wolfgang Becker à Folha sobre o ex-presidente da RDA que afirmava que o muro de Berlim duraria mais cem anos, às vésperas da queda.
Leia a seguir os melhores trechos da entrevista com o diretor.
(FABIO CYPRIANO)

Folha - O que te levou à história de "Adeus, Lênin!"?
Wolfgang Becker -
Recebi o roteiro de Bernd Lichtenberg. Li o texto após o café da manhã, fui em seguida encontrá-lo em Colônia e já estávamos trabalhando nesse mesmo dia. Gostei da idéia desde o começo, gosto desse tipo de humor que mistura realidade. Não estava interessado na reunificação, mas na mistura de humor e tristeza, como aconteceu com "A Vida É Tudo que Temos" [produção do diretor em 1997]. O contexto, em ambos os filmes, funciona com um comentário irônico.

Folha - Mas o contexto no filme acabou repercutindo muito, não?
Becker -
Creio que, quando se concentram histórias em personagens autênticos, isso sempre reflete a situação da sociedade. Veja os filmes dos anos 50 na Itália, por exemplo, como eles falam daquele país naquele período, mas é sempre o contexto. Quanto mais você retrata bem um personagem, mais você fala do contexto. Assim, o cinema pode ser como um espelho que, ao focar um personagem, reflete tudo ao redor.

Folha - E quanto ao que hoje se chama de "ostalgie" na Alemanha?
Becker -
Nós começamos a produção em 99, quando não havia "ostalgie". O roteirista e eu somos ocidentais, mas creio que após 11 anos da queda começou uma intensa reflexão sobre o que aconteceu, não só sobre o que se ganhou, mas sobre o que se perdeu.

Folha - Após o sucesso de "Adeus, Lênin!", o senhor espera convites de Hollywood?
Becker -
Muitos pensam que fazer filme em Hollywood pode ser um sonho, mas sei que pode ser um pesadelo também. Lá, o diretor, com exceções, nunca faz a edição final, não decide sobre o elenco, e eu venho da tradição européia que é o inverso disso. O que sei é que será difícil fazer um filme com tanto sucesso como "Adeus, Lênin!".


ADEUS, LÊNIN!. De: Wolfgang Becker. Produção: Alemanha, 2003. Com Daniel Brühl e Katrin Sass. Quando: hoje, às 21h50, no Cinesesc; amanhã, às 18h40, no Cinearte 1; dia 22, às 22h, no Unibanco Arteplex 1; e dia 25, às 15h45, na Sala UOL; amanhã, às 10h, sessão exclusiva para estudantes secundaristas, no Cinearte 1.


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