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MÚSICA
Duo inglês, que se apresenta hoje no Pacaembu, carrega "clubes em suas cabeças" e diz evitar tendências
Chemical Brothers elevam eletrônica
THIAGO NEY
DA REDAÇÃO
O Pacaembu para o Rei, o Pacaembu para o Chemical Brothers. Para o bem e para o mal,
hoje, 20 de outubro, a música eletrônica atinge status de rock and
roll -e de Roberto Carlos- no
Brasil, com o show da dupla inglesa no estádio paulistano.
Para o bem porque este Nokia
Trends Edição Especial (com
abertura de Renato Cohen, James
Holroyd e Justin Robertson; veja
quadro ao lado) reafirma o apelo
que a eletrônica atingiu com o público jovem (e o não tão jovem).
Mas, por outro lado, este show é
quase um antagonismo em relação ao que esta cultura, capitaneada pelos Chemical Brothers, sempre pregou. Os DJs sempre foram
tidos como antíteses dos pop stars
que exigiam cachês milionários,
se alimentavam da própria fama e
faziam dos estádios uma barreira
de separação entre o fã e o astro.
Tom Rowlands e Ed Simons (a
dupla CB) se conheceram em
Manchester e estão juntos desde
1989. Já lançaram quatro discos e
preparam o quinto, que deve sair
no começo do ano que vem. Este
será o segundo show dos CB no
Brasil -em 1999, tocaram em São
Paulo (Via Funchal) e no Rio
(Metropolitan).
Ontem, no hotel Unique, a Folha conversou com o duo.
Folha - Vocês gostaram dos
shows de 1999 no Brasil?
Simons - Sim, a atmosfera era
ótima. Lembro que em São Paulo
tocamos num lugar enorme.
Rowlands - Geralmente, se temos uma experiência não muito
boa, nós riscamos o lugar de nossa lista e não voltamos mais.
Folha - Como será o próximo disco? Há colaborações?
Rowlands - Ainda estamos finalizando, não dá para dizer como é.
Queremos algo mais aberto, mais
apaixonado, com mais emoções.
Preferimos não comentar ainda
quem está cantando no disco,
porque muitas vezes as pessoas ficam sabendo quem cantará em
uma de nossas músicas e dizem
que o álbum sairá de certa forma.
Folha - Qual a diferença entre o
Chemical Brothers num estádio e
os roqueiros que vocês ajudaram a
desmistificar com a eletrônica?
Rowlands - Antes de nos tornarmos grandes, freqüentávamos raves para 20 mil, 25 mil pessoas,
nos arredores de Londres. Então
para nós a música eletrônica sempre ocupou espaços grandes.
Simons - Você não vê o DJ, às vezes nem sabe quem está tocando,
mas está lá para dançar. Ainda é
excitante e assustador chegar a
um lugar e ver um monte de gente
dançando. Não tem nada a ver
com alimentar o nosso ego.
Rowlands - Num show nosso há
apenas uma concepção musical. É
legal às vezes ir a um show e assistir um cantor fazendo pose, mas
não é isso o que fazemos.
Folha - Como vocês fazem para
manter o contato com o que está
acontecendo? Vocês vão a clubes?
Rowlands - Nunca seguimos tendências ou modas. Nos juntamos
no estúdio e passamos a compor.
Simons - Não vamos a clubes.
Eles já estão em nossas cabeças...
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