São Paulo, quarta-feira, 20 de outubro de 2004

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TV

Além dos entrevistadores, o programa da Cultura "esquenta" debate com arena de convidados que responderão a enquetes

Aos 18, "Roda Viva" volta a ter platéia VIP

Divulgação/TV Cultura
Ulysses Guimarães em 'Roda Viva' (86) com Mário Covas e Fernando Henrique Cardoso na bancada de entrevistadores; acima, a platéia


LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O programa "Roda Viva", da TV Cultura, aproveita a maioridade para resgatar suas origens.
Além de um novo cenário, a comemoração do 18º aniversário trará de volta ao estúdio uma platéia de convidados que deixou de existir poucos anos após a estréia, em 29 de setembro de 1986.
Como no início, o entrevistado ficará no centro de uma arena com três níveis. Um pouco acima da altura da cadeira giratória central, estarão os entrevistadores e, numa bancada superior à deles, haverá 12 convidados VIPs relacionados ao tema do programa.
Uma entrevista com o ministro da Fazenda, por exemplo, poderá contar com a presença de banqueiros e economistas.
Dessa forma, "Roda Viva" retoma seu projeto original, desenvolvido por Marcos Weinstock, diretor de criação da TV Cultura à época. A platéia foi criada "para esquentar o clima da entrevista", de acordo com texto assinado por ele e por Valdir Zwetsch (então coordenador de jornalismo da emissora), em revista institucional sobre os 18 anos do programa.
O desafio desta vez é não deixar com que esses participantes sejam meras figuras decorativas do cenário, o que fez com que a platéia fosse anteriormente eliminada e que voltou a ocorrer anteontem, na edição especial de 18 anos.
Segundo Marco Antônio Coelho Filho, diretor de jornalismo da TV Cultura, será implementado um sistema de votação na nova bancada, para que os convidados possam participar das discussões por meio de enquetes.
Durante a entrevista, o mediador poderá propor algo como: "Você concorda com tal resposta do entrevistado?". Cada participante acionará o botão "sim" ou "não" numa espécie de controle remoto. Uma central fará o cômputo geral dos votos, e o resultado será divulgado ao vivo.

Chapa-branca
A TV Cultura, mantida majoritariamente por verbas do governo estadual de São Paulo, criou o "Roda Viva" na gestão do governador Franco Montoro com a intenção de acabar com a imagem de "chapa-branca" da emissora.
O relato faz parte da revista institucional lançada pelo canal em comemoração aos 18 anos de seu programa de entrevistas.
A publicação traz textos de mediadores que já passaram pelo "Roda Viva", do primeiro deles, o jornalista Rodolpho Gamberini, ao atual, Paulo Markun.
Gamberini, que mediou as entrevistas entre 1986 e 1987, relembra a participação de Ayrton Senna, na qual o piloto afirmou que não pensava na possibilidade de morrer na pista. Resgata ainda confissão do jogador de futebol Dadá Maravilha de que várias vezes chupara laranja com doping nos intervalos das partidas.
Já Markun, na bancada desde 1998, cita uma entrevista com o ex-chefe do SNI (Serviço Nacional de Informações) Newton Cruz, que se irritou com as perguntas. No calor da discussão, o mediador interferiu dizendo que a cadeira do centro do "Roda Viva" era bem mais "mansinha" do que as que ele havia conhecido na ditadura militar (1964-1985).
Anteontem, a Cultura fez festa em sua sede para comemorar a maioridade, e o programa contou com ex-mediadores no centro da roda.


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