São Paulo, quinta-feira, 20 de outubro de 2011

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Marin Alsop terá remuneração similar à dos EUA

Maestrina, que assume como regente titular da Osesp em 2012, receberá US$ 52 mil por semana de trabalho

Consultor americano diz que grandes salários são justificáveis, desde que maestros consigam atrair público e renda

ROBERTO KAZ
DE SÃO PAULO

Em março deste ano, o Conselho de Administração da Fundação Osesp se reuniu para ratificar a nomeação de Marin Alsop para o posto de regente titular da orquestra.
Decidiu-se, então, que a maestrina receberá US$ 52 mil (R$ 91 mil) por semana de trabalho, fora adicionais de pelo menos US$ 120 mil (R$ 210 mil) ao ano.
Pelo contrato, válido a partir de 2012 e atrelado ao valor do dólar, Alsop é obrigada a comandar a Osesp durante dez semanas anuais. No total, sua remuneração chegará a R$ 1,1 milhão (US$ 640 mil) -valor alto, mas ainda menor do que o R$ 1,3 milhão que seu antecessor, John Neschling, recebia.
Neschling, no entanto, também ocupava o cargo de diretor artístico, hoje exercido por Arthur Nestrovski, que recebe R$ 25 mil por mês.
Os dados estão no 10º Cartório de Registro de Títulos e Documentos da Capital. Não é de hoje que grandes maestros são pagos como estrelas do cinema ou dos gramados. De acordo com o site adaptistration.com, que compila balanços financeiros das orquestras dos EUA, Lorin Maazel recebeu, em 2009, o equivalente a R$ 6 milhões da Filarmônica de Nova York.
No mesmo período, James Levine ganhou R$ 3 milhões à frente da Sinfônica de Boston. Os dados foram levantados a partir da declaração de renda das orquestras. Já Alsop ganhou R$ 1,3 milhão (US$ 710 mil) como diretora artística da Sinfônica de Baltimore, cargo que continuará a exercer enquanto estiver na Osesp.
Ou seja: embora o Brasil ainda não esteja no circuito principal da música clássica, a regente não teve o "passe" supervalorizado para vir.
O consultor de orquestras Drew McManus, criador do adaptistration.com, disse, por telefone, que grandes salários são justificáveis: "Se o maestro aumenta o público, se os músicos estão felizes, se os tíquetes estão esgotando, o investimento vale a pena". No entanto, fez uma ressalva: nos Estados Unidos, apenas 10% do dinheiro arrecadado pelas orquestras vem de órgãos públicos. Na Osesp, o percentual é de 75%.
McManus também lamenta que haja uma disparidade tão grande entre salários de maestros e de músicos. "Isso se acentuou a partir dos anos 90, quando os conselhos de orquestras passaram a ser dominados por banqueiros e executivos", diz. "Eles aplicam às orquestras a mesma lógica do mercado."


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