DA REDAÇÃO

A premiação Melhores da Noite Ilustrada faz hoje sua décima cerimônia com um encontro inusitado no Teatro Municipal. O cantor Noite Ilustrada -cujo nome inspirou a jornalista Erika Palomino a batizar sua coluna na Folha- entoa sambas como "Volta por Cima" acompanhado das bases eletrônicas do DJ Mau Mau.
Aos 74 anos, Noite Ilustrada -ou Mário de Souza Marques Filho- se lembra bem que recebeu o apelido em 1954 do humorista Zé Trindade, que esqueceu seu nome e o chamou pelo título da revista que carregava sempre embaixo do braço. "Noite Ilustrada" era uma revista que vinha com o jornal "A Noite" no Rio", conta.
Mas o que o sambista não sabe é como será seu encontro com um dos melhores DJs de tecno do Brasil. "Não sei ainda o que vai dar essa invertida da minha música para o eletrônico", afirma.
O encontro deve render bons frutos, pelas batidas em comum que samba e tecno compartilham e, principalmente, pela vivência de Mau Mau em experimentar o eletrônico com ritmos brasileiros. Integrante do M4J, um dos primeiros grupos de eletrônica do país, Mau foi vanguarda ao misturar as batidas e loops aos repiques da música regional nordestina, assim como não se deu mal ao subir no trio elétrico de Daniela Mercury no Carnaval da Bahia.
Não deve ser diferente acompanhando o repertório de clássicos de Noite Ilustrada -"O Neguinho e a Senhorita", "Dedo de Luva"-, além de músicas inéditas que esse mineiro do clã da Portela lançou em seu mais recente disco, "Perfil de um Sambista (Trama, 2001), como "Beco sem Saída" e "Meus 20 Anos". O sambista ainda enche a boca para contar com orgulho que há 15 dias se apresentou na África -"lá eles pedem minhas músicas pelo nome".
Outra atração da festa seria a dupla Crossover, do selo alemão International Gigolos, que acabou cancelando a vinda alegando que uma parte do duo está doente.
Completando dez anos, o prêmio Melhores da Noite Ilustrada foi crescendo com a cena de cultura eletrônica do país. Se em 1992, Erika Palomino premiou nove categorias, este ano entrega o troféu para 30, sendo que 28 escolhidas pelo público via internet -10.490 e-mails foram ativados para votação, totalizando 154.835 votos. Duas categorias são prêmios especiais concedidos pela colunista. O troféu Respect, pelo conjunto da obra, que vai para Johnny Luxo, e o Prêmio Noite Ilustrada, a iniciativas que valorizam a cena.
No Teatro Municipal, a cerimônia (fechada para convidados) vai apresentar diversas surpresas. Uma delas é a abertura da drag Marcelona, que descerá as escadarias com um número inédito.
Um grupo de b-boys, o Sampa Masters B-boys, vai dançar ao som de drum'n'bass. E Alexandre Herchcovitch apresenta um desfile no qual refaz as roupas de Marcia Pantera -drag que vestiu suas criações com exclusividade no começo da carreira do estilista-, exatamente como elas eram.
A premiação conta ainda com videoclipes produzidos pela videomaker Ruth Slinger.
(BRUNA MONTEIRO DE BARROS)