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"Oliveira não amaciou", afirma autor
DA REPORTAGEM LOCAL
Eles moram no Rio, já nutriam
admiração mútua, mas não se conheciam. O escritor João Ubaldo
Ribeiro, 62, e Domingos Oliveira,
67, encontram-se agora sob o
mesmo teto na versão teatral de
"A Casa dos Budas Ditosos".
"Eu fui criado, assim, muito católico e chego a ficar acanhado ao
ouvir o meu próprio texto", diz
Ribeiro, autor do romance.
Ele assistiu a um ensaio corrido
da peça, ainda crua, e vem conferir a estréia em São Paulo.
Já teve outros livros adaptados
para o palco, no Ceará e na Bahia.
Elogia o recorte de Oliveira, que
"não amaciou".
"O sexo é o tema mais moderno
que existe. Dostoiévski não tem
cena de sexo, Shakespeare não
tem. É um assunto sobre o qual,
não parece, mas se escreveu pouco", afirma Oliveira.
"É uma zona do comportamento humano intensíssima, mas que
surge sempre sob a forma de pornografia, que é um mito da sociedade burguesa, da sociedade de
consumo."
No monólogo, o diretor quer investir no tempo da filosofia, da
psicologia que está em jogo. Descarta a caricatura, o excesso.
"A liberdade dessa personagem
é tanta que eu a trato como a uma
deusa. Ela vive intensamente sua
própria libido. É uma pessoa que
tem vocação para o sexo e a exerce
com coragem", afirma Oliveira,
para quem livro e peça estão aí para provocar. Ele diz que é mais
uma das suas "peças libertárias",
com temas tabus, como "Confissões de Adolescente", que tratou
da sexualidade teen.
(VS)
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