|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
POLÍTICA CULTURAL
Em encontro com setor, ministério e Microsoft divergiram sobre pirataria e direitos autorais
MinC reconhece videogame como produto audiovisual
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
O ministro da Cultura, Gilberto
Gil, reconheceu oficialmente os
jogos eletrônicos como produtos
audiovisuais e artísticos. O anúncio foi feito ontem pela manhã,
durante o discurso de abertura da
feira Electronic Game Show, que
acontece até amanhã no Expo
Center Norte, em São Paulo.
"É preciso valorizar a ação de jovens desenvolvedores desse segmento que, como a literatura, o
cinema e a TV no passado, vem
enfrentando desconfiança desde a
década de 80", disse o ministro.
A cerimônia foi considerada
uma vitória por representantes da
Abragames (Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos
Eletrônicos), que reivindica o
apoio do MinC às empresas de jogos eletrônicos do país -cerca de
40, segundo a entidade.
Em uma reunião com a Abragames à tarde, o governo deveria
nomear um representante do setor de jogos para trabalhar diretamente com o ministério.
O reconhecimento do potencial
da indústria nacional de games,
cujo faturamento atual é estimado em R$ 100 milhões, permite
que jogos possam se beneficiar de
incentivos da Lei Rouanet e da Lei
do Audiovisual e que sejam incluídos no projeto de criação da
Agência Nacional do Cinema e do
Audiovisual, a Ancinav.
"Na medida em que o governo
considera os jogos eletrônicos como atividade cultural e expressão
artística, eles terão todos os direitos que as outras expressões artísticas têm", afirmou o Secretário
do Audiovisual, Orlando Senna.
Senna foi um dos membros da
mesa que discutiu as políticas públicas para o setor, entre elas o
concurso JogosBR, que escolheu
36 projetos de roteiros dos quais
oito serão contemplados com R$
240 mil, entregues para empresas
desenvolvedoras nacionais. O governo anunciou ainda que, em
2005, deverá promover uma segunda edição do concurso.
O debate esquentou quando
Senna e Cláudio Prado, secretário
de políticas digitais do MinC, saíram em defesa de "um outro modelo econômico para a gestão de
conteúdo digital", em referência
explícita aos programas de software livre adotados pelo governo.
"O direito autoral é o freio do século 21", declarou Prado.
Os diretores Milton Beck, da
Microsoft, e Bertrand Caudron,
da empresa Electronic Arts, líder
mundial no mercado de games,
discordaram categoricamente. "O
custo médio de desenvolvimento
de um jogo é de US$ 1 mi a US$ 15
mi. Duvido que alguém investirá
isso em um jogo para distribuir de
graça", retrucou Caudron.
Os representantes das multinacionais reclamaram também das
taxas de importação de consoles e
jogos, superior a de produtos de
informática, segundo Beck. "São
mais de 60% em impostos. Isso
estimula a importação ilegal."
Texto Anterior: Rodapé: O efeito contagioso de Deus Próximo Texto: Cinema: Paulista ganha novas salas em fevereiro Índice
|