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ERUDITO
Izabela Gueorguieva, demitida sem justa causa de orquestra do Estado, receberá R$ 200 mil
Violinista ganha ação contra AM
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
A Secretaria da Cultura do
Amazonas foi condenada a pagar
R$ 200 mil -metade do valor por
danos morais- à violinista búlgara Izabela Gueorguieva, 38. A
musicista era integrante da orquestra Amazonas Filarmônica,
gerida pela secretaria. A decisão,
da juíza Ruth Barbosa Sampaio,
da 13ª Vara da Justiça do Trabalho
de Manaus, é do dia 10. A notificação aconteceu nesta semana.
Em março deste ano, Gueorguieva foi demitida, com sete músicos da orquestra, sem justa causa, por não comparecer a audição
interna para preenchimento de
vagas do corpo artístico.
"Como tenho minha vaga desde
1997, entendi que isso [a audição]
não se referia a mim. Não podia
me inscrever para preencher a
minha própria vaga", diz a violinista. Além dela, outros músicos
aguardam indenizações que variam de R$ 200 mil a R$ 300 mil.
O secretário da Cultura Robério
Braga disse que a assessoria jurídica do Estado iria recorrer da decisão judicial. "Ela não compareceu à prova que estava obrigada,
por isso, foi demitida", diz Braga.
Fundada no final de 1997, como
corpo vinculado ao governo do
Estado, a orquestra Amazonas Filarmônica é administrada pela
Associação Amigos da Cultural
-uma entidade sem fins lucrativos com recursos oriundos do governo do Amazonas.
Entre 98 e junho deste ano foram repassados à associação R$
70.172.931.
A orquestra, idealizada pelo
maestro Júlio Medaglia (demitido
em 99), foi formada, inicialmente,
com 44 músicos - 33 recrutados
no Uruguai e no Leste Europeu.
Gueorguieva veio da Bulgária
com a família e fez um concurso
internacional para ingressar na
Amazonas Filarmônica, em 97.
Ela diz que, até ser demitida, recebia um salário líquido de R$
2.500 pelo trabalho na orquestra e
como professora de violino no
Centro Cultural Cláudio Santoro.
Após a demissão, Gueorguieva,
segundo relatos à Justiça, enfrentou dificuldade financeira e teve
que se separar de suas duas filhas
(de seis e oito anos), enviadas à
casa dos avós, na Bulgária.
O marido, Ivo Karagueorguiev,
ex-diretor e criador do Corpo de
Dança do Amazonas, já havia sido
demitido sem justa causa, em
2002. Ele reclama uma indenização de R$ 90 mil ao governo.
Constrangimento
Na sentença, a juíza afirma que
Gueorguieva "é altamente qualificada" e foi contratada pelo governo do Amazonas, que se responsabilizou em custear suas despesas e as de sua família no Brasil.
"Ela foi lançada a uma situação de
constrangimento, vexame e quase
penúria, causada pelo descaso do
governo", diz a juíza, na sentença.
"A juíza não entende de música,
nem eu e nem você. Quem tiver
direito eu pago quando a Justiça
mandar, e quem não tiver, não
pago. Essa senhora faltou ao concurso", diz Braga.
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