São Paulo, sábado, 20 de novembro de 2004

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ERUDITO

Izabela Gueorguieva, demitida sem justa causa de orquestra do Estado, receberá R$ 200 mil

Violinista ganha ação contra AM

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

A Secretaria da Cultura do Amazonas foi condenada a pagar R$ 200 mil -metade do valor por danos morais- à violinista búlgara Izabela Gueorguieva, 38. A musicista era integrante da orquestra Amazonas Filarmônica, gerida pela secretaria. A decisão, da juíza Ruth Barbosa Sampaio, da 13ª Vara da Justiça do Trabalho de Manaus, é do dia 10. A notificação aconteceu nesta semana.
Em março deste ano, Gueorguieva foi demitida, com sete músicos da orquestra, sem justa causa, por não comparecer a audição interna para preenchimento de vagas do corpo artístico.
"Como tenho minha vaga desde 1997, entendi que isso [a audição] não se referia a mim. Não podia me inscrever para preencher a minha própria vaga", diz a violinista. Além dela, outros músicos aguardam indenizações que variam de R$ 200 mil a R$ 300 mil.
O secretário da Cultura Robério Braga disse que a assessoria jurídica do Estado iria recorrer da decisão judicial. "Ela não compareceu à prova que estava obrigada, por isso, foi demitida", diz Braga.
Fundada no final de 1997, como corpo vinculado ao governo do Estado, a orquestra Amazonas Filarmônica é administrada pela Associação Amigos da Cultural -uma entidade sem fins lucrativos com recursos oriundos do governo do Amazonas.
Entre 98 e junho deste ano foram repassados à associação R$ 70.172.931.
A orquestra, idealizada pelo maestro Júlio Medaglia (demitido em 99), foi formada, inicialmente, com 44 músicos - 33 recrutados no Uruguai e no Leste Europeu.
Gueorguieva veio da Bulgária com a família e fez um concurso internacional para ingressar na Amazonas Filarmônica, em 97.
Ela diz que, até ser demitida, recebia um salário líquido de R$ 2.500 pelo trabalho na orquestra e como professora de violino no Centro Cultural Cláudio Santoro.
Após a demissão, Gueorguieva, segundo relatos à Justiça, enfrentou dificuldade financeira e teve que se separar de suas duas filhas (de seis e oito anos), enviadas à casa dos avós, na Bulgária.
O marido, Ivo Karagueorguiev, ex-diretor e criador do Corpo de Dança do Amazonas, já havia sido demitido sem justa causa, em 2002. Ele reclama uma indenização de R$ 90 mil ao governo.

Constrangimento
Na sentença, a juíza afirma que Gueorguieva "é altamente qualificada" e foi contratada pelo governo do Amazonas, que se responsabilizou em custear suas despesas e as de sua família no Brasil. "Ela foi lançada a uma situação de constrangimento, vexame e quase penúria, causada pelo descaso do governo", diz a juíza, na sentença.
"A juíza não entende de música, nem eu e nem você. Quem tiver direito eu pago quando a Justiça mandar, e quem não tiver, não pago. Essa senhora faltou ao concurso", diz Braga.


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