São Paulo, sábado, 20 de novembro de 2004

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Obra põe canalhice em perspectiva

DA SUCURSAL DO RIO

Se fossem escritos por mulheres, os cinco contos de "Meu Querido Canalha" provavelmente associariam esse importante tipo social a mau-caratismo e pilantragem. Como foram escritos por homens -e homens que entendem do riscado- os textos retiram o canalha do campo moral e põem em seu verdadeiro lugar: o amoralismo das relações entre seres humanos, todos falíveis e sujeitos aos clamores da fisiologia.
É em sexo que pensam, na maior parte do tempo, os protagonistas das histórias de Ruy Castro, Carlos Heitor Cony, Geraldinho Carneiro (a partir de uma sinopse de Bráulio Pedroso), Aldir Blanc e Marcelo Madureira. E é assim porque são humanos, não porque são homens. O que os diferencia de outros segmentos do gênero masculino é que eles não se culpam por pôr em prática o que lhes passa pela cabeça.
Seduzindo virgens, uma viúva de general, uma falsa irmã ou sete mulheres por semana, os personagens aplicam seus instintos com doses de inteligência, alguma elegância e até honestidade. Ninguém rouba ou bate. "Sou do bem", repete o cafajeste de Madureira; "O Bom Canalha" é o título de Carneiro. O único mal deles é amar demais. Se há mulheres que não gostam, paciência. (LFV)


MEU QUERIDO CANALHA. Autores: Ruy Castro, Carlos Heitor Cony, Geraldo Carneiro/Bráulio Pedroso, Aldir Blanc e Marcelo Madureira. Editora: Objetiva. Quanto: R$ 25,90 (142 págs.).


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