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Obra põe canalhice em perspectiva
DA SUCURSAL DO RIO
Se fossem escritos por mulheres, os cinco contos de "Meu Querido Canalha" provavelmente associariam esse importante tipo
social a mau-caratismo e pilantragem. Como foram escritos por
homens -e homens que entendem do riscado- os textos retiram o canalha do campo moral e
põem em seu verdadeiro lugar: o
amoralismo das relações entre seres humanos, todos falíveis e sujeitos aos clamores da fisiologia.
É em sexo que pensam, na
maior parte do tempo, os protagonistas das histórias de Ruy Castro, Carlos Heitor Cony, Geraldinho Carneiro (a partir de uma sinopse de Bráulio Pedroso), Aldir
Blanc e Marcelo Madureira. E é
assim porque são humanos, não
porque são homens. O que os diferencia de outros segmentos do
gênero masculino é que eles não
se culpam por pôr em prática o
que lhes passa pela cabeça.
Seduzindo virgens, uma viúva
de general, uma falsa irmã ou sete
mulheres por semana, os personagens aplicam seus instintos
com doses de inteligência, alguma
elegância e até honestidade. Ninguém rouba ou bate. "Sou do
bem", repete o cafajeste de Madureira; "O Bom Canalha" é o título
de Carneiro. O único mal deles é
amar demais. Se há mulheres que
não gostam, paciência.
(LFV)
MEU QUERIDO CANALHA. Autores: Ruy
Castro, Carlos Heitor Cony, Geraldo
Carneiro/Bráulio Pedroso, Aldir Blanc e
Marcelo Madureira. Editora: Objetiva.
Quanto: R$ 25,90 (142 págs.).
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