São Paulo, sábado, 20 de novembro de 2010

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Hoje, imagens são vistas como espetáculo

DE SÃO PAULO

Em "Ligeiramente Fora de Foco", Robert Capa diz que, em novembro de 1942, havia 22 correspondentes de guerra credenciados em Argel e dez quartos de hotel reservados para eles. "Agora, em agosto de 1943, havia cerca de 150 correspondentes credenciados e ainda os mesmos dez quartos."
O relato é indicativo da evolução da própria cobertura "Até a metade da guerra, há uma espontaneidade maior. O fotógrafo faz um simples registro documental do que vê, sem grandes paixões", analisa o pesquisador Rubens Fernandes Jr., professor de fotografia da Faap.
"No fim, eles passam a buscar imagens que tenham também uma narrativa. Quando a vitória já é anunciada, você passa a ter um registro épico", diz.
É nesse registro que se incluem as fotos de Capa. "A série do desembarque do Dia D é quase um cinema, cada imagem abre uma sequência na nossa cabeça. Você praticamente imagina como o soldado vai atacar o inimigo."
Passado mais de meio século, o que mudou, para Fernandes, foi não só a facilidade técnica de se tirar uma foto, mas também o próprio sentido de espetáculo. "Hoje, o fotógrafo busca uma imagem capaz de promover um espetáculo para a mídia. Naquele momento, não havia essa intenção", diz.
A Guerra do Iraque foi, segundo o professor, preparada para o show visual. "É quase Copacabana em 31 de dezembro, com fogos coloridos no céu. Com isso, se desfaz o efeito de espanto e de horror. (APS)


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