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"CELEBRITY"
Filme é manifesto contra banalidade
AMIR LABAKI
enviado especial a Florença
Woody Allen ajusta um monte
de contas em "Celebrity" (Celebridade).
Por trás de uma comédia episódica sobre a fama esconde-se um
vigoroso manifesto contra o primado da banalidade na presente
sociedade do entretenimento.
Não é seu melhor filme recente,
mas diz coisas entaladas desde o
escândalo de mídia em torno da
ruptura com Mia Farrow.
Até por isso Woody não trabalha
como ator, contentando-se com o
roteiro e a direção.
Kenneth Branagh ("Frankenstein") imita seus tiques o quanto
pode ao interpretar o tolo jornalista Lee Simon.
O alter ego de Allen é desta vez
um pobre coitado que tenta mudar
de mulher e profissão numa tacada
só.
Suas tentativas amarram os distintos episódios cômicos.
"Celebrity" satiriza o culto à celebridade que entronizou divulgadores e colunistas sociais.
Woody Allen atira contra a lei
Andy Warhol de 15 minutos de fama arrancando gargalhadas com
histórias envolvendo "talk-shows", top models, estrelas da cirurgia plástica e mestres do cinema
de arte.
A moral resume-se numa frase:
"Você aprende muito sobre uma
sociedade quando entende quais
são suas celebridades".
Para reforçar seu argumento,
Allen conta com a participação especial de famosos de carne-e-osso,
como o novo-rico Donald Trump,
o costureiro Isaac Mizrahi, o mega-astro Leonardo DiCaprio e a
atriz Melanie Griffith.
No mundo de "Celebrity", a mercantilização das relações humanas
é total, a ética está morta há muito,
impera a idiotização cultural mais
absoluta.
Woody Allen sempre foi cético,
porém jamais levou tão longe seu
pessimismo.
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