São Paulo, sexta, 20 de novembro de 1998

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"CELEBRITY"
Filme é manifesto contra banalidade

AMIR LABAKI
enviado especial a Florença

Woody Allen ajusta um monte de contas em "Celebrity" (Celebridade).
Por trás de uma comédia episódica sobre a fama esconde-se um vigoroso manifesto contra o primado da banalidade na presente sociedade do entretenimento.
Não é seu melhor filme recente, mas diz coisas entaladas desde o escândalo de mídia em torno da ruptura com Mia Farrow.
Até por isso Woody não trabalha como ator, contentando-se com o roteiro e a direção.
Kenneth Branagh ("Frankenstein") imita seus tiques o quanto pode ao interpretar o tolo jornalista Lee Simon.
O alter ego de Allen é desta vez um pobre coitado que tenta mudar de mulher e profissão numa tacada só.
Suas tentativas amarram os distintos episódios cômicos.
"Celebrity" satiriza o culto à celebridade que entronizou divulgadores e colunistas sociais.
Woody Allen atira contra a lei Andy Warhol de 15 minutos de fama arrancando gargalhadas com histórias envolvendo "talk-shows", top models, estrelas da cirurgia plástica e mestres do cinema de arte.
A moral resume-se numa frase: "Você aprende muito sobre uma sociedade quando entende quais são suas celebridades".
Para reforçar seu argumento, Allen conta com a participação especial de famosos de carne-e-osso, como o novo-rico Donald Trump, o costureiro Isaac Mizrahi, o mega-astro Leonardo DiCaprio e a atriz Melanie Griffith.
No mundo de "Celebrity", a mercantilização das relações humanas é total, a ética está morta há muito, impera a idiotização cultural mais absoluta.
Woody Allen sempre foi cético, porém jamais levou tão longe seu pessimismo.



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