São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 2000

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MÚSICA

Grupo se define como "facção" do original baiano

Banda usa nome do Olodum para realizar show e é presa no Paraná

DA REPORTAGEM LOCAL

Um show que não houve (porque os músicos estavam presos), um nome conhecido em disputa e um tiroteio de acusações. Terminou assim a frustrada apresentação da banda Filhos de Olodum em Curitiba (PR), no último dia 7.
Acusados de estelionato, os 20 integrantes do grupo, que tem sede em São Paulo, foram presos na Delegacia de Ordem Social da capital paranaense. O material de divulgação anunciava que o Olodum aportava em Curitiba para show em que gravaria CD.
Uma fã do grupo baiano fundado há 21 anos telefonou para a sede em Salvador para se certificar da notícia. Alertado, o presidente do Olodum, João Jorge Santos Rodrigues, dirigiu-se a Curitiba e acionou a polícia, que prendeu os músicos antes da apresentação.
"Eles usam nosso nome, nossas cores em seus instrumentos e até um pano de palco igual ao do Olodum", diz Cristina Rodrigues, diretora-executiva do grupo.
Wagner Santos, 26, líder do Filhos de Olodum, constituído em 92, define a banda como uma "facção" da original. Santos sustenta que ele e outros quatro integrantes da banda (Paulinho, Zulu, Benê e Cristiano) são egressos do Olodum e abandonaram o grupo porque não recebiam adequadamente seus cachês. Afirma ainda que obteve o registro da marca Filhos de Olodum no Inpi (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) em novembro de 96.
O Inpi registra como "arquivado" o processo (nš 819540811) em que Santos requer o registro da marca Filhos de Olodum. Ou seja, ele não detém a marca.
Segundo Cristina Rodrigues, entre os integrantes do grupo de São Paulo só Paulo César Oliveira de Jesus pertenceu ao Olodum na Bahia, como contínuo e aprendiz de vocalista, até 95.
O cancelamento do show dos Filhos de Olodum em Curitiba e a prisão de seus integrantes devem resultar em ações recíprocas na Justiça. Os proprietários da casa Moinho São Roque, local da apresentação, vão processar a banda por perdas e danos. O grupo, por sua vez, promete entrar com ação indenizatória contra a casa.
Luiz Manzi, 38, sócio-proprietário do Moinho São Roque, diz que foi procurado por um homem que se apresentou como José Virgílio Oliva, empresário do Olodum. É Oliva quem assina o contrato do show, em nome da Companhia de Produção Olodum. Pelo documento, o Moinho São Roque se comprometia a arcar com os custos de produção e divulgação do show. O contrato menciona como marca para divulgação Olodum Facção Jovem.
Estabelecida a confusão, a polícia não conseguiu localizar ninguém chamado José Virgílio Oliva e desconfia que esse tenha sido um nome fictício.
Wagner Santos afirma que os Filhos de Olodum desconhecem José Virgílio Oliva e que a ida da banda a Curitiba teria sido acertada por uma gravadora interessada em produzir seu segundo CD. "Não quero mencionar o nome da gravadora para não estragar o namoro que estamos tendo", diz.




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