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Roqueiros veteranos que "ensinaram" Ringo Starr a tocar bossa nova lançam novo CD
The Beatles, The Rolling Stones e... The Jordans
THIAGO NEY
DA REDAÇÃO
"Prepare uma boa cuba libre.
Vista aquele jeans meio folgado
com barra dobrada. Passe um gel
no cabelo (a brilhantina não existe mais) e dê um trato no topete.
Ponha este CD para tocar e viaje
no tempo, pois, afinal, o sonho
ainda não acabou."
A dica está no encarte simples,
nada robusto, e revela o espírito
do disco "Geração Surf 2" e de seu
dono: o quarteto The Jordans,
uma das bandas que detêm mais
história no rock deste país.
Pitada dessa relevância está em
"Bouddha", faixa presente neste
álbum recém-lançado: a música,
o primeiro compacto dos Jordans, chegou às lojas em 1961, anterior às estréias fonográficas dos
Beatles ("Love Me Do", 62) e dos
Rolling Stones ("Come On", 63), e
apenas sete anos após Elvis e seu
primeiro single, "That's All Right
Mama". "Rocket 88", de Jackie
Brenston e Ike Turner, que muitos consideram o Big Bang do
rock, havia aparecido em 51.
Mais: por culpa de uma turnê
pela Europa em 67, os Jordans,
por 20 minutos, ficaram trancados em um estúdio com os Beatles, tiveram cinco LPs "afanados"
por John Lennon e até ensinaram
Ringo Starr a tocar bossa nova na
bateria (leia a história na pág. E3).
Tudo isso começou nos primórdios do rock no Brasil, em 1956,
na zona leste de São Paulo, quando os amigos Romeu Mantovani
Sobrinho (guitarra), o Aladdin, 61
e Olímpio Sinval Drago (guitarra), o Sival, 60, criaram o Three
Players com o baterista Tiguês,
que depois seria substituído por
Valdemar Botelho Jr., o Foguinho, 58. Em 1961, já com o nome
The Jordans, a banda gravaria "A
Vida Sorri Assim" com sua formação clássica: Aladdin, Sival,
Foguinho, José de Andrade (baixo), o Tony, 58, o saxofonista Irupê e Mingo (guitarra). (Este último sairia do grupo em seguida
para formar o The Clevers, que
depois originaria Os Incríveis.)
"No começo, pouco antes de
formar a banda, tocávamos serenata para as garotas do bairro. Aí,
quando ouvimos "Rock Around
the Clock" [música de Bill Haley",
em 55, tivemos a idéia de montar
a banda. Mas não sabíamos tocar
direito, não", diz Aladdin à Folha.
O sucesso dos Jordans e de sua
surf music instrumental viria com
"Suspense", lançado no final de
61. Este segundo disco estourou
com a música "Blue Star", que ficou por mais de seis meses nos
primeiros lugares das paradas.
"Blue Star" foi a "Anna Júlia"
dos Jordans. A banda passou a ser
presença constante em programas como "Ritmos da Juventude", na rádio Nacional, "Whiskey
a Go Go" (Excelsior) e, na TV Record, nos shows de Tony e Celly
Campello (a estréia do grupo na
telinha, em 58), "Astros do Disco", "Show do dia 7" e ... "Jovem
Guarda". Neste último, nas tardes
de domingo, até 67, os Jordans
funcionaram também como banda de apoio de Roberto Carlos.
"Com o Roberto, veio também
o profissionalismo. Muitos não
conseguiram esse apoio e pararam", conta Aladdin. Os Jordans
pararam também, pouco depois.
Em 72, eles deixaram de gravar e
cada um seguiu direções distintas,
fora da música. Voltaram 20 anos
depois e gravaram a coletânea "35
Anos de Rock Instrumental".
Agora, remexem a história, e reparecem com "Geração Surf 2".
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