Espectadores oferecem suas residências para performances de "A Casa do Outro"

Projeto idealizado pelos coreógrafos Ângelo Madureira e Ana Catarina Vieira tem edição hoje em um estúdio em Pinheiros

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

É mais ou menos assim: alguém faz o convite para receber, em sua própria casa, o projeto "A Casa do Outro", idealizado pelos bailarinos Ângelo Madureira e Ana Catarina Vieira. A dupla vai até a residência oferecida para analisar o espaço e suas condições. Se o lugar for adequado, resta marcar a data e divulgar o evento.
Um estúdio em Pinheiros que comporta cerca de 80 pessoas foi escolhido para o encontro que acontece hoje, às 22h. O público, como na última edição do projeto, no mesmo espaço, se acomoda como pode, em pufes e sofás. Um narguilé faz a recepção enquanto não começa a série de espetáculos-pílulas -que geralmente não ultrapassam dez minutos.
"Qualquer pessoa pode oferecer sua casa", diz Ana Catarina. "Claro que a realização do projeto no lugar sugerido depende das condições de receber público, mas não precisa ser um ambiente amplo. A intenção do projeto é essa mesmo, discutir a utilização do espaço."
Na última edição, ao fim das apresentações, o evento foi convidado a ser realizado numa fazenda nos arredores de São Paulo -ainda não há data marcada. Dentro desse formato despojado, já ocupou várias residências, incorporando mobiliário e arquitetura às coreografias e performances.
A comparação com os happenings dos anos 60 é inevitável. "Ao entrar na casa, a pessoa já está dentro da coreografia", diz a bailarina. Entre uma apresentação e outra, há um clima de festa, com pessoas conversando e bebendo drinques ou chá vendidos na hora. Ao fim do espetáculo, pouca gente vai embora, e o evento assume a faceta de baladinha, podendo se estender madrugada adentro.
A programação de hoje lista, além de uma coreografia dos próprios idealizadores do evento, trechos de coreografias de Jorge Garcia, ex-bailarino do Balé da Cidade, interpretados por ele mesmo, e "Broadway", peça concebida e interpretada por Valéria de Melo, uma mistura de dança e teatro que satiriza a visão dos americanos sobre a cultura brasileira.