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Crítica
O que faz a verdade, o real, de um filme?
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
"A Sombra do Vampiro"
(Telecine Cult, 1h15) é a recriação hipotética do que foram as
filmagens do "Nosferatu", sendo que o filme de Murnau é do
começo dos anos 20, enquanto
"A Sombra" é do começo dos
2000.
O que se observa no filme de
E. Elias Mehrige é a maneira
como o ator Max Schreck (Willem Dafoe) encarna o terrível
vampiro: com uma dedicação
que o leva além da imitação.
Que o leva à, digamos, "verdade
do personagem". Mas que verdade é essa? A de um vampiro!
Eis o rolo armado.
A questão que Mehrige agita
é bem contemporânea: o que
faz a verdade de um filme? O
que pode nos levar a crer nas
imagens que temos diante de
nossos olhos? Por que hoje o
documentário -em princípio
um gênero secundário, porque
fácil- parece ter mais importância do que a ficção? Talvez
porque a ficção pareça ao espectador meramente fictícia
(leia-se falsa). E como não ser?
Eis aí todo um programa estético. Chegar ao real não é fácil.
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