|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MOSTRA
Filmes, seminários e exposições traçam panorama do cinema nacional em evento na cidade histórica de Minas Gerais
Tiradentes exibe 103 filmes em festival
CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
da Agência Folha, em Belo Horizonte
A partir de hoje, a cidade histórica de Tiradentes (210 km a sul de
Belo Horizonte) exibe 103 produções nacionais em película ou em
vídeo nos nove dias de programação da 3ª Mostra de Cinema de Tiradentes.
O município, cuja arquitetura
sobreviveu a três séculos, se transforma na época do evento, realizado desde 1998. A expectativa
dos organizadores é receber 35
mil visitantes, dez mil a mais do
que no ano passado.
Além das exibições, serão realizadas exposições, palestras, encenações teatrais e oficinas sobre a
arte e a técnica cinematográfica.
Este ano, o festival vai contar
com três espaços de exibição, com
capacidade para receber 3.650
pessoas simultaneamente, contra
apenas duas salas com 550 lugares
no ano passado.
A coordenadora do evento, Raquel Hallak, explica que a novidade deste ano será o troféu "Barroco", uma estatueta que reúne as
características da arquitetura da
cidade com as do cinema. Ela será
entregue na noite de encerramento aos filmes mais votados pelo
público da mostra.
"Tiradentes tem de crescer sem
perder o perfil de cidade do interior, como aconteceu com Gramado, que, graças ao festival, hoje
conta com hotel cinco estrelas,
mas preserva o mesmo ambiente
de antes", diz Hallak.
Ela acredita que, dentre os 45
festivais e mostras realizados
anualmente no país, a mostra de
Tiradentes trará o panorama
mais completo da produção brasileira, apesar de não oferecer prêmios em dinheiro.
"Nós queremos mostrar que é
possível ter espaços alternativos
para mostrar o cinema brasileiro
ao seu público, que existe em todo
lugar, mesmo no interior onde as
salas foram fechadas", diz Hallak.
Homenagem
O principal homenageado este
ano será o cineasta Carlos Reichenbach. Também haverá homenagens para Glauber Rocha,
cujo filme "Deus e o Diabo na
Terra do Sol" (1964) foi escolhido
como "filme do século" do cinema brasileiro por um júri formado por 36 jornalistas, críticos e especialistas.
O mesmo júri escolheu também
outro filme de Glauber -"Terra
em Transe" (1967)- como um
dos cinco filmes mais representativos dos últimos cem anos.
Há também longas selecionados pelo júri para a mostra retrospectiva. São três os filmes: "Limite" (1930), do cineasta Mario Peixoto, "Vidas Secas" (1964), de
Nelson Pereira dos Santos, e
"Central do Brasil" (1998), de
Walter Salles Jr.
Estréia nacional
Dos 21 filmes da produção recente do país que serão exibidos
na programação da mostra, apenas "O Circo das Qualidades Humanas" terá sua estréia nacional
em Tiradentes.
O filme é uma criação coletiva
de quatro diretores que se uniram
para viabilizar a produção de um
longa, orçado em R$ 2 milhões e
filmado quase inteiramente na cidade histórica de Congonhas do
Campo (MG), onde estão algumas das principais obras do barroco mineiro.
O produtor Jorge Moreno é o
único estreante nos longas-metragens. Milton Alencar Jr., Geraldo Veloso e Paulo Augusto Gomes já dirigiram longas antes,
mas há mais de dez anos não conseguiam uma nova oportunidade
na área.
"A realização coletiva ajudou a
viabilizar a produção, mas não é
um filme de episódios, porque
construímos as histórias de forma
que houvesse uma interação entre
elas", afirma Alencar Jr.
Texto Anterior: Morumbex Próximo Texto: Destaques da 3ª Mostra de Cinema de Tiradentes Índice
|