São Paulo, Sexta-feira, 21 de Janeiro de 2000


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MOSTRA
Filmes, seminários e exposições traçam panorama do cinema nacional em evento na cidade histórica de Minas Gerais
Tiradentes exibe 103 filmes em festival

CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

A partir de hoje, a cidade histórica de Tiradentes (210 km a sul de Belo Horizonte) exibe 103 produções nacionais em película ou em vídeo nos nove dias de programação da 3ª Mostra de Cinema de Tiradentes.
O município, cuja arquitetura sobreviveu a três séculos, se transforma na época do evento, realizado desde 1998. A expectativa dos organizadores é receber 35 mil visitantes, dez mil a mais do que no ano passado.
Além das exibições, serão realizadas exposições, palestras, encenações teatrais e oficinas sobre a arte e a técnica cinematográfica.
Este ano, o festival vai contar com três espaços de exibição, com capacidade para receber 3.650 pessoas simultaneamente, contra apenas duas salas com 550 lugares no ano passado.
A coordenadora do evento, Raquel Hallak, explica que a novidade deste ano será o troféu "Barroco", uma estatueta que reúne as características da arquitetura da cidade com as do cinema. Ela será entregue na noite de encerramento aos filmes mais votados pelo público da mostra.
"Tiradentes tem de crescer sem perder o perfil de cidade do interior, como aconteceu com Gramado, que, graças ao festival, hoje conta com hotel cinco estrelas, mas preserva o mesmo ambiente de antes", diz Hallak.
Ela acredita que, dentre os 45 festivais e mostras realizados anualmente no país, a mostra de Tiradentes trará o panorama mais completo da produção brasileira, apesar de não oferecer prêmios em dinheiro.
"Nós queremos mostrar que é possível ter espaços alternativos para mostrar o cinema brasileiro ao seu público, que existe em todo lugar, mesmo no interior onde as salas foram fechadas", diz Hallak.

Homenagem
O principal homenageado este ano será o cineasta Carlos Reichenbach. Também haverá homenagens para Glauber Rocha, cujo filme "Deus e o Diabo na Terra do Sol" (1964) foi escolhido como "filme do século" do cinema brasileiro por um júri formado por 36 jornalistas, críticos e especialistas.
O mesmo júri escolheu também outro filme de Glauber -"Terra em Transe" (1967)- como um dos cinco filmes mais representativos dos últimos cem anos.
Há também longas selecionados pelo júri para a mostra retrospectiva. São três os filmes: "Limite" (1930), do cineasta Mario Peixoto, "Vidas Secas" (1964), de Nelson Pereira dos Santos, e "Central do Brasil" (1998), de Walter Salles Jr.

Estréia nacional
Dos 21 filmes da produção recente do país que serão exibidos na programação da mostra, apenas "O Circo das Qualidades Humanas" terá sua estréia nacional em Tiradentes.
O filme é uma criação coletiva de quatro diretores que se uniram para viabilizar a produção de um longa, orçado em R$ 2 milhões e filmado quase inteiramente na cidade histórica de Congonhas do Campo (MG), onde estão algumas das principais obras do barroco mineiro.
O produtor Jorge Moreno é o único estreante nos longas-metragens. Milton Alencar Jr., Geraldo Veloso e Paulo Augusto Gomes já dirigiram longas antes, mas há mais de dez anos não conseguiam uma nova oportunidade na área.
"A realização coletiva ajudou a viabilizar a produção, mas não é um filme de episódios, porque construímos as histórias de forma que houvesse uma interação entre elas", afirma Alencar Jr.


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