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ARTES
Sobrado alugado pelo governo do Estado de São Paulo receberá dez profissionais sob curadoria de Maria Bonomi
Ateliê no centro acolhe artistas plásticos
JANAINA FIDALGO
DA REDAÇÃO
Olhar o centro de São Paulo por
meio do olhar do artista. Neste
exercício de contemplação surge
uma releitura plástica e poética de
uma região que luta para escapar
do estigma da degradação. Com
esse desafio nasce no largo General Osório uma oficina de criação
que servirá de morada artística
para profissionais das belas-artes.
Construído no quadrilátero da
"cracolândia" -área conhecida
como ponto de consumo de
crack-, o prédio do Ateliê Amarelo, alugado pelo governo do Estado, será ocupado durante um
ano por dez artistas, com curadoria de Maria Bonomi e uma comissão da qual participarão mais
dois artistas, um crítico de arte e
um professor de arte pública -os
nomes ainda serão definidos.
"[O Ateliê Amarelo] vai corresponder a uma seleção de artistas
que se proponham a, por um ano,
trabalhar o entorno [do centro de
São Paulo], do ponto de vista urbano, figurativo e poético", explica Maria Bonomi.
Das dez vagas, metade será ocupada por profissionais residentes
na capital e a outra parte por moradores do interior de São Paulo.
As regras e critérios para participar da seleção constarão de um
edital publicado no dia 25 de fevereiro no "Diário Oficial" do Estado. O resultado será divulgado no
dia 25 de março.
"Não vai ter uma questão de
idade. Vamos buscar corresponder uma necessidade de intercâmbio, para que pessoas isoladas
tenham essa vantagem do convívio. Elas precisam dessa contaminação", diz a artista plástica.
De acordo com Bonomi, os curadores vão analisar a qualificação, a competência e o interesse
dos candidatos. "Haverá perguntas para sintonizar com a alma do
artista, da pessoa que se propõe a
ocupar o espaço e as razões mais
profundas dele, do fazer arte. [A
experiência de ocupar o ateliê]
Tem de ser algo necessário, vital
neste tipo de percurso", afirma.
Se há uma diretriz neste livre
processo é a necessidade de trabalhar com o tema proposto: refletir
sobre o centro da cidade.
"É um modelo de outras cidades. Visa a integração do artista ao
centro, à poética da cidade e ao
mesmo tempo do público com o
artista", resume Bonomi, que,
quando foi premiada na Bienal de
Paris, em 1967, ganhou do governo francês a chance de usar um
dos ateliês da Cité des Arts.
Convívio
Instalado no número 35 do largo General Osório, em frente ao
Centro de Estudos Musicais Tom
Jobim, o Ateliê Amarelo será um
espaço livre, aberto à visitação.
"As pessoas podem seguir o trabalho dos artistas. Será uma oportunidade para o público ter acesso
ao processo criativo", diz.
A produção artística não se limitará às quatro paredes do sobrado amarelo. A praça General
Osório servirá como extensão do
do ateliê. A primeira alteração, já
aprovada pela subprefeitura da
Sé, é a remoção das grades que
isolam a praça.
Lançar um novo olhar sobre a
região e impulsionar o encontro
não são os únicos intentos do projeto. Com o novo uso do sobrado
de 1943, a Secretaria de Estado da
Cultura visa desfazer a imagem
negativa da região e dar continuidade ao processo de intervenção
urbana e revitalização do centro.
"Além de pintarem o que vêem,
os artistas vão circular no centro,
mudando a freqüência. Com isso
consegue-se um efeito de "contaminação" do entorno", diz a secretária Cláudia Costin.
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