São Paulo, sexta-feira, 21 de janeiro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"ELEKTRA"

Pouco fiel à HQ, diretor encontra equilíbrio entre ação e suspense

DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Como adaptação de uma HQ para o cinema, "Elektra" até que é um bom filme... para a TV. Não custou a metade de "Demolidor", com seus maltorrados US$ 75 mi, mas consegue, com certa folga, um resultado superior.
Vale adiantar que o diretor, Rob Bowman ("Arquivo X"), tomou várias liberdades com a personagem-título. Da ninja mercenária criada por Frank Miller para assassinar Matt Murdock, o Demolidor, sobraram só os contornos.
Provável heresia para os fãs, no filme, Elektra sorri, demonstra instintos maternais e, pior, titubeia na hora de fazer um serviço.
Mas, deixando as revistinhas um pouco de lado, a Elektra do filme (Jennifer Garner) consegue andar com pernas próprias e segurar tão bem as seqüências de pancadaria quanto as de drama e suspense que inteiram a trama -Elektra recebe a missão de assassinar pai e filha em uma casa de campo. Prestes a executar o trabalho, a assassina de aluguel pressente que não deveria fazê-lo. A suspeita logo se confirma quando Elektra descobre que a máfia do Tentáculo, sua velha inimiga, está atrás dos mesmos alvos. Mau, pela tradição das histórias em quadrinhos, mata o bom. E isso é mais que suficiente para a missão de Elektra mudar de rota.
O problema -e, neste caso, a solução- é que nem sempre é tarefa fácil diferenciar os mocinhos dos bandidos na trama.
Vá lá: os bandidos têm cara de mau, o corpo coberto de tatuagens e vestem quimonos pretos, mas mesmo a nossa heroína, Elektra, seu mestre cego, Stick (Terence Stamp), e até os "indefesos" pai e filha têm lá os seus esqueletos no armário.
E é a partir dessas ambigüidades, desse eterno jogo de sombras, que Bowman se reaproxima, ainda que por alguns instantes, da personagem em sua concepção original. A "ressurreição" da Elektra de Miller está não no que o diretor mostra, mas justamente no que ele optou por esconder.


Elektra
Elektra
  
Direção: Rob Bowman
Produção: EUA, 2005
Com: Jennifer Garner, Terence Stamp
Quando: a partir de hoje nos cines Bristol, Interlagos, Jardim Sul e circuito


Texto Anterior: Ponto de encontro: Loja se veste de Carnaval e vira atração fashion
Próximo Texto: Ator brasileiro usa golpes de capoeira em cena
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.