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Crítica
"Maria" está longe de ser obra religiosa
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O mundo, segundo Abel Ferrara, é uma lástima. Assim sendo, é preciso se apegar a algo,
ter uma fé, acreditar, como o
policial de "Vício Frenético"
-ele acredita que até mesmo as
drogas possam levá-lo a algum
lugar.
É sobre essa fé que trata
"Maria" (TC Cult, 22h). Temos Marie (Juliette Binoche),
que atua num longa como Maria Madalena e decide largar tudo. Há o diretor do filme, que é
um oportunista, mas que acredita piamente em sua criação.
E ainda há Ted (Forest Whitaker), que em nada acredita,
inclusive cometendo gestos bocado discutíveis (como trair a
mulher grávida).
Será neste cético Ted, apresentador de TV que nem no trabalho põe muita fé, que o longa
terá especial atenção.
Longe de ser uma obra religiosa (o filme até renega a religião como verdade única), "Maria" mostra um homem diante
de um mundo inacreditável e
gritando por socorro, em franco desespero. Um grande filme,
feito por cineasta com muita fé
na imagem.
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