"Tom Strong" remete a aventuras de livros, quadrinhos e cinema da primeira metade do século 20

PEDRO CIRNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Alan Moore é um escritor nostálgico. Isso pode parecer paradoxal, quando se sabe que ele é um dos mais inovadores roteiristas de histórias em quadrinhos da atualidade, autor de "Watchmen" e "Promethea", mas é verdade.
E tem sabor de homenagem e nostalgia "Tom Strong - A Invasão das Formigas Gigantes", HQ escrita por Moore e desenhada por Chris Sprouse que é lançada agora no Brasil.
Tom Strong, o personagem-título, é um super-herói criado por Moore em homenagem às aventuras da primeira metade do século 20, sejam elas de literatura, cinema, quadrinhos ou "pulp magazines" -revistas feitas com papel de baixa qualidade dos anos 20 aos anos 50 nos Estados Unidos e que continham histórias de suspense e ficção científica.
Moore não usa o termo "super-herói" nas HQs de Tom Strong, mas "herói da ciência". Pode parecer preciosismo, mas ajuda a contextualizar as histórias. Remete ao tempo anterior à criação dos super-heróis, quando era a ficção científica que dominava as histórias de fantasia.
Os personagens de então enfrentavam invasões alienígenas, monstros, insetos gigantes e culturas desconhecidas. E esses elementos estão presentes em Tom Strong.
Em "A Invasão das Formigas Gigantes", o "herói da ciência" criado por Moore reúne amigos e aliados para tentar impedir que a Terra seja conquistada por uma civilização predatória alienígena.
As aventuras de Tom Strong saíram originalmente em uma revista bimestral. Foram várias sagas divididas em 36 números, que estão sendo publicadas no Brasil em livros. Esse que sai agora é o terceiro e compila as edições dos números 15 a 19 da revista original.
As histórias antigas de "pulps" e afins, tão apreciadas por Moore, eram ingênuas se comparadas às de hoje. Mas traziam muita aventura e um olhar voltado para o futuro: era lá, nos dias que estariam por vir, que viveriam os grandes heróis de feitos inacreditáveis, assim como as máquinas mirabolantes e os contatos com seres desconhecidos, extraterrestres ou não.
Alan Moore parece dizer, com "Tom Strong", que, mesmo depois de tantos avanços tecnológicos no mundo real -que inevitavelmente repercutiram nas histórias em quadrinhos e outras artes-, o clima de imaginação e fantasia criado naqueles tempos de "pulp magazines" continua imbatível.