São Paulo, segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

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Fashionistas põem pé na lama

NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA

"De onde é a sua galocha?" A pergunta foi ouvida muitas vezes ontem no meio de um grupo de cerca de 200 pessoas, a maioria trajando capas de chuva amarela, que se concentrou em frente ao hotel Holliday Inn, na zona norte de São Paulo, no meio da chuva.
Motivo da concentração: partir em um ônibus em direção ao barco Almirante do Lago, parado nas margens do rio Tietê, local onde foi realizado o desfile da grife Cavalera.
A situação inusitada de subir na superfície do rio mais poluído da cidade provocou, além de um desfile de galochas de grife, medo em alguns. "Eu acho que vim aqui porque sou insana", disse a jornalista inglesa Diane Pernet, antes de subir ao barco, com a máscara tipo cirúrgica oferecida pela grife. Diane sentiu enjôos no final do desfile.
Os convidados que enfiaram o pé na lama tiveram que assinar um termo de responsabilidade sobre possíveis problemas de saúde, mas mantiveram o bom humor (pouquíssimos apelaram para as máscaras).
A estilista Thaís Losso não só deixou a máscara de lado como também abriu mão da capa amarela distribuída pela grife. "Sou a favor de sentir o cheiro. Quero mais é saber como é o cheiro da cidade onde eu moro", disse ela.
Thaís se preparava animada para fazer o passeio completo de barco pela Marginal do Tietê, um "brinde" que seria oferecido pela grife para os convidados após o desfile.
O plano foi abortado não só pela falta de interessados, mas por um fator prático. O excesso de poluição no rio fez com que a navegação ficasse impossível, já que o lixo poderia quebrar a hélice do barco.
O apresentador Marcos Mion também subiu no barco sem receio. "Acho que esse é um manifesto importante, a gente tem mesmo que tomar contato e saber como é a poluição da nossa cidade", disse Mion, que acaba de virar sócio da marca V.Rom.
Entre a equipe que participou do desfile, o clima era mais relaxado do que nos lotados camarins da SPFW. "Ensaiamos três vezes, desde 8h, e não sentimos nada, o cheiro é meio ruim, mas é igual ao que você sente quando passa de carro por aqui", comentou a modelo Gabriela Stein, 16, que, durante o desfile, desceu por uma escada que fica na margem do rio.
"Deu uma pontinha de medo de cair direto no Tietê, mas nada sério, adorei", disse ela, sentada em um banco de madeira como se estivesse em uma praia, enquanto mostrava a parte de baixo do vestido encharcado de lama.


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