São Paulo, quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

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No calvário fashion de Jesus, quem sofre são outros

NINA LEMOS
DA REPORTAGEM LOCAL
VITOR ANGELO
COLUNISTAS DA FOLHA

"Jesus, Jesus!" Um desavisado que passasse pelo backstage da Ellus na terça-feira poderia pensar que ali acontecia um culto. Mas não. Os gritos eram de fotógrafos, que tentavam arrancar sorrisos da estrela principal da SPFW, o modelo e DJ Jesus Luz, conhecido internacionalmente como "o namorado da Madonna".
"Jesus Superstar" ganhou tratamento de celebridade máxima. Isso significa que jornalistas e fotógrafos foram obrigados a percorrer uma via-crúcis para chegar até ele, que ganhou camarim exclusivo.
A via-crúcis fashion começava na entrada do backstage, onde os profissionais berravam com assessores para tentar entrar. Depois, uma procissão lenta era formada. Os jornalistas esperavam numa fila por cerca de uma hora para entrar em pequenos grupos numa sala onde a porta era logo fechada. Jesus ouvia os gritos e sorria. Mas não falava uma palavra.
"Ele não vai dar entrevista porque está com a agenda muito apertada", justificou sua booker, Morgana Arruda. O amigo de infância de Jesus, Peterson Ibrahim, virou empresário do DJ há um ano e cuida da agenda apertadíssima do novato. "Ele vai fazer uma tour no Brasil em fevereiro e na Europa, em março", anunciou.
Como toda celebridade que se preze, Jesus também faz caridade. Por isso, tocou ontem na festa "Luz sobre o Haiti", na boate paulistana Royal, com renda revertida para o país.
Quando fecha um contrato para Jesus, Peterson diz que exige o básico: quatro seguranças e motorista particular. "As meninas caem em cima", diz.
E parece ter razão. Jesus tem fãs, como a estudante Monique Santa Rosa, que conseguiu entrar no backstage. "Ele é lindo e humilde, mas disseram que não é bom DJ."
Depois de desfilar, Jesus posou de novo para os fotógrafos. E nada de falar. A reportagem da Folha tentou entrevistá-lo durante a seção de fotos.

 


FOLHA - Jesus, por que você não fala?
JESUS LUZ- Eu falo, falei um monte o dia todo.

FOLHA - Mas então por que você não dá entrevista?
Nesse ponto, Jesus some de cena. Mas a via-crúcis fashion continua no centro de São Paulo, onde aconteceu a festa da Ellus. Mesmo sem muito tumulto, os fãs de Jesus encontraram problemas logo na entrada: algumas pessoas foram barradas. A casa já estava lotada de fotógrafos e repórteres aguardando a chegada do DJ.
O namorado de Madonna entrou um pouco depois de 1h30 com óculos escuros. "Ele me pediu o fone de ouvido emprestado", conta a DJ Rosana Rodini, que tocou antes da "divindade". Para os profissionais das pick-ups, não levar seu próprio fone é considerado pecado.
A área livre, com vista para a Catedral da Sé, chamava mais atenção que o set do rapaz, e ficou lotada.
Jesus só brilhou mesmo ao tocar "I Gotta Feeling", do Black Eyed Peas. "Me acabei nessa música, mas agora eu não escuto mais Jesus", disse o artista Fábio Gurjão.
O calvário capitaneado pelo DJ -que teria recebido cerca de R$ 400 mil para desfilar e tocar por duas horas - acabou por volta das 3h30.


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