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No calvário fashion de Jesus, quem sofre são outros
NINA LEMOS
DA REPORTAGEM LOCAL
VITOR ANGELO
COLUNISTAS DA FOLHA
"Jesus, Jesus!" Um desavisado que passasse pelo backstage
da Ellus na terça-feira poderia
pensar que ali acontecia um
culto. Mas não. Os gritos eram
de fotógrafos, que tentavam arrancar sorrisos da estrela principal da SPFW, o modelo e DJ
Jesus Luz, conhecido internacionalmente como "o namorado da Madonna".
"Jesus Superstar" ganhou
tratamento de celebridade máxima. Isso significa que jornalistas e fotógrafos foram obrigados a percorrer uma via-crúcis para chegar até ele, que ganhou camarim exclusivo.
A via-crúcis fashion começava na entrada do backstage, onde os profissionais berravam
com assessores para tentar entrar. Depois, uma procissão
lenta era formada. Os jornalistas esperavam numa fila por
cerca de uma hora para entrar
em pequenos grupos numa sala
onde a porta era logo fechada.
Jesus ouvia os gritos e sorria.
Mas não falava uma palavra.
"Ele não vai dar entrevista porque está com a agenda muito
apertada", justificou sua booker, Morgana Arruda.
O amigo de infância de Jesus,
Peterson Ibrahim, virou empresário do DJ há um ano e cuida da agenda apertadíssima do
novato. "Ele vai fazer uma tour
no Brasil em fevereiro e na Europa, em março", anunciou.
Como toda celebridade que
se preze, Jesus também faz caridade. Por isso, tocou ontem
na festa "Luz sobre o Haiti", na
boate paulistana Royal, com
renda revertida para o país.
Quando fecha um contrato
para Jesus, Peterson diz que
exige o básico: quatro seguranças e motorista particular. "As
meninas caem em cima", diz.
E parece ter razão. Jesus tem
fãs, como a estudante Monique
Santa Rosa, que conseguiu entrar no backstage. "Ele é lindo e
humilde, mas disseram que não
é bom DJ."
Depois de desfilar, Jesus posou de novo para os fotógrafos.
E nada de falar. A reportagem
da Folha tentou entrevistá-lo
durante a seção de fotos.
FOLHA - Jesus, por que você não fala?
JESUS LUZ- Eu falo, falei um
monte o dia todo.
FOLHA - Mas então por que você
não dá entrevista?
Nesse ponto, Jesus some de
cena. Mas a via-crúcis fashion
continua no centro de São Paulo, onde aconteceu a festa da
Ellus. Mesmo sem muito tumulto, os fãs de Jesus encontraram problemas logo na entrada: algumas pessoas foram
barradas. A casa já estava lotada de fotógrafos e repórteres
aguardando a chegada do DJ.
O namorado de Madonna entrou um pouco depois de 1h30
com óculos escuros. "Ele me
pediu o fone de ouvido emprestado", conta a DJ Rosana Rodini, que tocou antes da "divindade". Para os profissionais das
pick-ups, não levar seu próprio
fone é considerado pecado.
A área livre, com vista para a
Catedral da Sé, chamava mais
atenção que o set do rapaz, e ficou lotada.
Jesus só brilhou mesmo ao
tocar "I Gotta Feeling", do
Black Eyed Peas. "Me acabei
nessa música, mas agora eu não
escuto mais Jesus", disse o artista Fábio Gurjão.
O calvário capitaneado pelo
DJ -que teria recebido cerca
de R$ 400 mil para desfilar e tocar por duas horas - acabou
por volta das 3h30.
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