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Crítica
"Cidadão Kane" inspira dúvidas sobre autoria
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Desde que Pauline Kael levantou a lebre, as viúvas de
Herman Mankiewicz -o roteirista de "Cidadão Kane"
(TCM, 22h)- não param de
aparecer.
Reivindicam para Herman a
maior parte dos méritos do filme. O restante deixam para
Greg Toland, o fotógrafo.
A rigor, nessa interpretação
das coisas, Orson Welles não
fez grande coisa. Ter liberdade
total sobre sua criação numa
Hollywood onde ninguém conseguia isso, ter direito à montagem final do filme e à escolha
do elenco parecem méritos
apenas acessórios ao roteiro.
O tipo de enquadramento,
absolutamente original, o uso
da profundidade de campo, dos
espelhos, do plano-seqüência.
Nada disso parece importar
muito.
No entanto, se vemos "A
Condessa Descalça", que é um
belo filme também escrito por
Herman e muito bem dirigido
por seu irmão Joseph L., os
mesmos procedimentos de roteiro estão lá. Mas "Kane" não
está. Algum motivo há de haver.
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