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Crítica
Na Vila Leopoldina, MariaLima oferece trutas com despretensão
JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA
Moradora da Lapa, a
paulistana Márcia
Marques Gardel, 40,
sentia falta de uma oferta mais
variada de restaurantes naquele canto da zona oeste. Uma vez
que já estava no ramo da gastronomia, como assistente numa consultoria, decidiu, em
2004, aventurar-se com um
restaurante próprio. E abriu o
MariaLima, na Vila Leopoldina. Foi bem-sucedida.
Nada mostra a pretensão de
competir com grandes restaurantes estrelados da cidade,
mas há toda uma atmosfera
-incluindo o cardápio, por suposto- que justifica a visita.
A começar pela arquitetura
simples, com ares de uma casa
antiga, ao longo da qual se dispõem gostosas mesas na calçada, ao lado de janelões que iluminam o salão. O serviço é despojado, mas hospitaleiro. Há
variedade suficiente de vinhos,
apesar da oferta pequena (e lacunas como a ausência de qualquer pinot noir, seja da Bourgogne ou de alhures).
Tudo isso se completa com
uma cozinha que é simples na
proposta, mas feita com cuidado e correção pelas mãos do
chef Alzimar Alves de Medeiros, que compõe com a patroa o
cardápio. Há idiossincrasias locais, como a curiosa (para São
Paulo) especialidade: as trutas.
Entre as quais, uma opção na
forma de um carpaccio do peixe
cru com salada de rúcula que
peca apenas pelo pouco sal e
muita cebola -assuntos que, de
toda forma, cada um pode resolver no seu próprio prato.
O menu, como é triste hábito
paulistano dos nossos dias, tem
forte presença dos "grelhados"
(na chapa) com molhos e acompanhamentos. E, não bastasse
isso, ainda tem uma seção de
carnes trazidas à mesa naquela
aterradora chapa quente de ferro (pelo menos sem réchaud).
Mas as sugestões do dia são
bravos cozidos, como o de terça-feira: uma rabada saborosa,
pungente e macia que, por si só,
já vale a existência do restaurante (em outros dias há outros
pratos de verdadeira cozinha,
como cassoulet e moqueca).
Ao lado de opções mais triviais, desfilam variações como
nhoque com ragu de costela; risoto de arroz arbóreo e selvagem com pato e curry e trança
de linguado e salmão com molho de maracujá, aspargo e cenoura. Uma casa simples, barata e acolhedora, como toda redondeza merece. Quem mora
por ali, por que não iria?
josimar@basilico.com.br
MARIALIMA
Avaliação: regular
Endereço: r. Carlos Weber,
1.490, Vila Leopoldina, tel. 0/
xx/ 11/3645-0932
Funcionamento: ter. a qui.,
das 12h à 0h; sex. e sáb., das
12h à 0h30; dom., das 12h às
23h
Ambiente: de uma casa
antiga, com mesas gostosas
na calçada
Serviço: esforçado e atencioso
Vinhos: oferta pequena; até
variada, mas com lacunas
Cartões: todos
Estacionamento com
manobrista: R$ 6
Preços: couvert, R$ 4,80;
entradas, R$ 10,40 a R$ 25,50;
pratos principais, R$ 13,30 a
R$ 44; sobremesas, R$ 6 a R$
11,50
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