São Paulo, quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crítica

Na Vila Leopoldina, MariaLima oferece trutas com despretensão

JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

Moradora da Lapa, a paulistana Márcia Marques Gardel, 40, sentia falta de uma oferta mais variada de restaurantes naquele canto da zona oeste. Uma vez que já estava no ramo da gastronomia, como assistente numa consultoria, decidiu, em 2004, aventurar-se com um restaurante próprio. E abriu o MariaLima, na Vila Leopoldina. Foi bem-sucedida.
Nada mostra a pretensão de competir com grandes restaurantes estrelados da cidade, mas há toda uma atmosfera -incluindo o cardápio, por suposto- que justifica a visita.
A começar pela arquitetura simples, com ares de uma casa antiga, ao longo da qual se dispõem gostosas mesas na calçada, ao lado de janelões que iluminam o salão. O serviço é despojado, mas hospitaleiro. Há variedade suficiente de vinhos, apesar da oferta pequena (e lacunas como a ausência de qualquer pinot noir, seja da Bourgogne ou de alhures).
Tudo isso se completa com uma cozinha que é simples na proposta, mas feita com cuidado e correção pelas mãos do chef Alzimar Alves de Medeiros, que compõe com a patroa o cardápio. Há idiossincrasias locais, como a curiosa (para São Paulo) especialidade: as trutas. Entre as quais, uma opção na forma de um carpaccio do peixe cru com salada de rúcula que peca apenas pelo pouco sal e muita cebola -assuntos que, de toda forma, cada um pode resolver no seu próprio prato.
O menu, como é triste hábito paulistano dos nossos dias, tem forte presença dos "grelhados" (na chapa) com molhos e acompanhamentos. E, não bastasse isso, ainda tem uma seção de carnes trazidas à mesa naquela aterradora chapa quente de ferro (pelo menos sem réchaud). Mas as sugestões do dia são bravos cozidos, como o de terça-feira: uma rabada saborosa, pungente e macia que, por si só, já vale a existência do restaurante (em outros dias há outros pratos de verdadeira cozinha, como cassoulet e moqueca).
Ao lado de opções mais triviais, desfilam variações como nhoque com ragu de costela; risoto de arroz arbóreo e selvagem com pato e curry e trança de linguado e salmão com molho de maracujá, aspargo e cenoura. Uma casa simples, barata e acolhedora, como toda redondeza merece. Quem mora por ali, por que não iria?


josimar@basilico.com.br

MARIALIMA
Avaliação: regular
Endereço: r. Carlos Weber, 1.490, Vila Leopoldina, tel. 0/ xx/ 11/3645-0932
Funcionamento: ter. a qui., das 12h à 0h; sex. e sáb., das 12h à 0h30; dom., das 12h às 23h
Ambiente: de uma casa antiga, com mesas gostosas na calçada
Serviço: esforçado e atencioso
Vinhos: oferta pequena; até variada, mas com lacunas
Cartões: todos
Estacionamento com manobrista: R$ 6
Preços: couvert, R$ 4,80; entradas, R$ 10,40 a R$ 25,50; pratos principais, R$ 13,30 a R$ 44; sobremesas, R$ 6 a R$ 11,50



Texto Anterior: Bebida: Norton traz bons varietais e vinhos de corte
Próximo Texto: Bom e barato: Villa Eugênio vai além do óbvio almoço comercial
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.