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Brasileiros em série
Atores ganham papéis importantes em produções de Hollywood, como "V", que estreia por aqui em abril
LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL
CLARICE CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Vim, vi e venci. Os brasileiros
aproveitam um bom momento
nos seriados norte-americanos
e vivem uma espécie de volta
para casa agora que as estreias
chegam à TV paga brasileira.
A carioca Morena Baccarin
pode até exagerar que conquistou um planeta. Assim diria Anna, sua personagem em "V", líder de uma raça alienígena com
planos de dominar a Terra. É filha da atriz Vera Setta e do jornalista Fernando Baccarin e já
fez outras participações em séries de ficção científica.
Com a proximidade da estreia de "V", prevista para 7 de
abril na Warner, ela agendou
uma vinda ao Brasil para divulgar a série, mas está inacessível
para jornalistas antes disso.
Já Bruno Campos tem um
histórico em Hollywood. Saiu
do Rio aos cinco anos, acompanhando o pai, que era gerente
internacional do Banco do Brasil. Morou em Bahrein (Oriente
Médio), no Canadá e nos EUA,
onde resolveu tentar a carreira
como ator. "Às vezes, espero
muito para um papel aparecer.
Noutras, acontece tudo ao mesmo tempo, como agora."
Ele estará presente em três
seriados na semana que vem.
Em 1997, teve seu primeiro
sucesso, com "Jesse", que chegava a 28 milhões de espectadores. Voltou ao Brasil em 1995
com o convite para "O Quatrilho", de Fábio Barreto, que disputou um Oscar e perdeu. Mas
ficou com boa fama nos EUA.
"Fora de prática" com a língua materna, brinca que "provavelmente vai esquecer umas
palavrinhas em português" durante a entrevista. Mas escorrega pouco, afinal, viaja para o Rio
todo ano para visitar a família.
"A televisão está numa competição muito saudável. Como
a audiência está mais picotada,
um seriado não precisa atrair
mais 40 milhões de pessoas. Isso é quase impossível hoje, só
os reality shows como "American Idol" atraem essa quantidade de espectadores."
Também ajuda o fato de mais
canais produzirem séries. "Há
mais diversidade. Os seriados
são mais especializados e tratam os temas com mais detalhes. Os produtores reconhecem que há público a ser atingido fora dos EUA, por isso colocam personagens que vêm de
vários lugares. Há uma riqueza
social e demográfica nos papéis. Foi bom para todos nós."
Para mostrar a variedade,
Campos vive o suspeito de um
crime ("Castle"), um cirurgião
viciado ("Private Practice") e
um "médico beduíno" ("Royal
Pains"). Nem sempre é um latino. "Às vezes estão procurando
alguém com meu perfil, às vezes isso não importa. Em "Royal
Pains", o papel foi pensado para
um anglo-saxão e acabou ficando para mim. Não ha fórmula."
Já Maiara Walsh, que interpreta Ana Solis em "Desperate
Housewives", acredita que a
preocupação com a diversidade
faz do momento especialmente
bom para mulheres latinas. Segundo ela, mais do que uma
maior gama de papéis, há bons
personagens para escolher.
"Fiz três testes na época e tinha conseguido um papel em
outra série, mas escolhi esta",
conta. "Ana é um papel muito
adulto e é malvada, o que é divertido fazer. Mas, quando
aceitei, não sabia que a história
dela fosse crescer tanto. Nas séries, nem a gente sabe o que vai
acontecer, até que acontece."
Pelo que se pode ver nos últimos episódios que foram ao ar
nos EUA, sobrinha de Gabrielle
(Eva Longoria) e Carlos (Ricardo Chavira) deve ter papel marcante no fim da temporada.
Por causa do gênio forte e do
namoro com Danny (Beau Mirchoff), ela vem causando uma
crescente tensão entre duas
donas de casa, o que deve desencadear o esclarecimento do
passado sombrio de Angie
(Drea de Matteo). "O episódio
que vai ao ar nos EUA no próximo dia 28 muda a vida da Ana e
envolve Danny e Gabi", adianta, em ótimo português.
Fã de Ivete Sangalo, ela sente
falta de comer arroz e feijão todos os dias ("não tenho panela
de pressão"), conta que tem
planos de ir ao estádio quando
vier ao Brasil e divide o tempo
entre causas sociais e humanitárias e projetos de arte.
Filha de brasileira, ela nasceu
em Washington, mas passou
parte da infância em São Paulo
e se considera brasileira, já que
quase toda a família mora aqui
e que vem ao país todos os anos.
"Falo com orgulho que sou brasileira, e sempre me perguntam
coisas como se o Brasil fosse o
lugar mais exótico do mundo."
Nem sinal do apuro que passou Rodrigo Santoro em "Lost",
morto após alguns episódios
-e pouquíssimas falas- por
falta de empatia com o público.
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