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"UMA VIDA EM SETE DIAS"
Previsão de morte faz personagem rever sua vida
Angelina Jolie vive boa moça em longa água-com-açúcar
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
"Uma Vida em Sete Dias" é
um belo exemplo do que
em outros tempos chamava-se de
filme água-com-açúcar: tem ligeiro efeito calmante, não faz mal a
ninguém, não excita a imaginação
pela originalidade, não solicita o
esforço do espectador.
É verdade que Lanie Kerrigan
(Angelina Jolie) é uma heroína diferente dos, por exemplo, filmes
de Doris Day. Lanie é uma ambiciosa apresentadora de TV de
Seattle que, embora boa moça, está longe de ostentar as virtudes
virginais de uma Doris Day.
Mas isso não altera as coisas em
sua essência. No começo, ela é
chamada pelo chefe a trabalhar
com Pete (Edward Burns), cameraman experiente e que pode ajudá-la a realizar seu sonho de aparecer em rede nacional. Lanie
odeia Pete. Ou seja, conforme reza o clichê, ela o adora. Pete odeia
Lanie, portanto está apaixonado
por ela. Já se vê que não caminhamos muito da velha Doris para cá.
Convém nessas histórias que
apareça um excêntrico. No caso,
um profeta de rua que prediz, entre outras coisas, que Lanie vai
morrer em poucos dias. Se está
certo ou errado saberemos no
fim. O fato é que a moça faz uma
revisão de sua vida e percebe que
há muito mais coisas erradas nela
do que leva a supor sua saudável
aparência televisiva.
É tudo doentiamente previsível.
Só para começar, a moça percebe
que seu noivado com um jogador
de beisebol não faz lá muito sentido. Mas existe algo de bem interessante nisso: à parte o verniz intelectual de um filme como "As
Horas", por exemplo, que concorre ao Oscar, a idéia é mais ou
menos a mesma: chega um momento na vida em que é preciso
saber o que faz ou não sentido e,
se possível, mudar.
É verdade que "As Horas" traz
embutida uma questão mais angustiante: será que a vida faz sentido? Mas seu diretor, Stephen
Daldry, faz todo o possível para
que ela permaneça soterrada sob
os dramas de seus personagens.
Mais modestamente, mas não
sem certa eficácia, Stephen Herek,
realizador de "Uma Vida em Sete
Dias", evita maiores angústias e se
limita a colocar em relevo suas estrelas, Jolie -nem tão "jolie" assim com os cabelos "platinum
blonde", mas com um jeitão bem
"TV people"- e o bonitão Burns.
Aqui e ali, faz uma cena que se
destaca. Resulta num desses filmes que não justifica a saída de
casa. Mas, se o espectador estiver
na fila do multiplex e não houver
ingresso para outros filmes, não
vai se odiar se assisti-lo -sobretudo se for adolescente.
Uma Vida em Sete Dias
Life or Something like It
Direção: Stephen Herek
Produção: EUA, 2002
Com: Angelina Jolie, Edward Burns
Quando: a partir de hoje nos cines SP
Market, Villa-Lobos e circuito
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