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São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 2003

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"UMA VIDA EM SETE DIAS"

Previsão de morte faz personagem rever sua vida

Angelina Jolie vive boa moça em longa água-com-açúcar

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

"Uma Vida em Sete Dias" é um belo exemplo do que em outros tempos chamava-se de filme água-com-açúcar: tem ligeiro efeito calmante, não faz mal a ninguém, não excita a imaginação pela originalidade, não solicita o esforço do espectador.
É verdade que Lanie Kerrigan (Angelina Jolie) é uma heroína diferente dos, por exemplo, filmes de Doris Day. Lanie é uma ambiciosa apresentadora de TV de Seattle que, embora boa moça, está longe de ostentar as virtudes virginais de uma Doris Day.
Mas isso não altera as coisas em sua essência. No começo, ela é chamada pelo chefe a trabalhar com Pete (Edward Burns), cameraman experiente e que pode ajudá-la a realizar seu sonho de aparecer em rede nacional. Lanie odeia Pete. Ou seja, conforme reza o clichê, ela o adora. Pete odeia Lanie, portanto está apaixonado por ela. Já se vê que não caminhamos muito da velha Doris para cá.
Convém nessas histórias que apareça um excêntrico. No caso, um profeta de rua que prediz, entre outras coisas, que Lanie vai morrer em poucos dias. Se está certo ou errado saberemos no fim. O fato é que a moça faz uma revisão de sua vida e percebe que há muito mais coisas erradas nela do que leva a supor sua saudável aparência televisiva.
É tudo doentiamente previsível. Só para começar, a moça percebe que seu noivado com um jogador de beisebol não faz lá muito sentido. Mas existe algo de bem interessante nisso: à parte o verniz intelectual de um filme como "As Horas", por exemplo, que concorre ao Oscar, a idéia é mais ou menos a mesma: chega um momento na vida em que é preciso saber o que faz ou não sentido e, se possível, mudar.
É verdade que "As Horas" traz embutida uma questão mais angustiante: será que a vida faz sentido? Mas seu diretor, Stephen Daldry, faz todo o possível para que ela permaneça soterrada sob os dramas de seus personagens.
Mais modestamente, mas não sem certa eficácia, Stephen Herek, realizador de "Uma Vida em Sete Dias", evita maiores angústias e se limita a colocar em relevo suas estrelas, Jolie -nem tão "jolie" assim com os cabelos "platinum blonde", mas com um jeitão bem "TV people"- e o bonitão Burns.
Aqui e ali, faz uma cena que se destaca. Resulta num desses filmes que não justifica a saída de casa. Mas, se o espectador estiver na fila do multiplex e não houver ingresso para outros filmes, não vai se odiar se assisti-lo -sobretudo se for adolescente.


Uma Vida em Sete Dias
Life or Something like It
  
Direção: Stephen Herek
Produção: EUA, 2002
Com: Angelina Jolie, Edward Burns
Quando: a partir de hoje nos cines SP Market, Villa-Lobos e circuito



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