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Crítica/"As Crônicas de Spiderwick"
Boa fantasia entretém com simbolismos
CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA
Na curva de tempo que
começou por volta de
"Guerra nas Estrelas"
e culminou com "O Senhor dos
Anéis", o cinema ganhou com a
tecnologia um aliado que transformou o modo de fazer filmes
e de assisti-los. "As Crônicas de
Spiderwick", adaptação de uma
série de livros escritos por
Tony DiTerlizzi e Holly Black,
faz parte desse time de fantasias que se tornaram dominantes graças à avalanche de efeitos especiais.
Sua vantagem é que os efeitos não estão ali apenas para
encher os olhos, ao contrário
dos recentes "As Crônicas de
Nárnia" e "A Bússola de Ouro",
nos quais o maravilhoso se satisfaz em ser apenas monumental e o resultado é mais frio
do que o esperado.
"As Crônicas de Spiderwick"
pertence ao campo das ficções
infantis que jogam o tempo todo com o infinito da imaginação, quase sempre vinculado ao
universo das crianças.
De "Alice no País das Maravilhas", passando por "O Mágico
de Oz" até toda a série "Harry
Potter", esse tipo de história
adota sempre uma criança como um enviado ao mundo da
fantasia.
Por meio de um olhar que enxerga e se assombra com seres e
fabulações, em contraste com o
dos adultos que, em seu pragmatismo, consideram invencionice, as crianças entram em
universos imaginários, são capazes de vivê-los e de representá-los. No cinema, mais que isso, elas funcionam como os intermediários que tornam esses
mundos visíveis.
Este é o ponto de partida e o
interesse central de "As Crônicas de Spiderwick". Jared, seu
protagonista, é um garoto traumatizado pela separação dos
pais. Quando se muda para
uma antiga casa abandonada,
onde viveu seu bisavô, a leitura
curiosa de um livro proibido
abre para Jared e sua família
um universo maravilhoso, habitado por algumas criaturas
amigas e por outras bastante
ameaçadoras.
Na medida em que é levado a
enfrentar essa "realidade" e
vencê-la na batalha pela sobrevivência, Jared consegue soldar
as partes fraturadas de seu convívio familiar com os irmãos e a
mãe.
Como já se demonstrou em
relação aos contos de fadas, alguns temas de "As Crônicas de
Spiderwick" são ricos em simbolismos, como a associação do
ogro ameaçador à imagem do
pai e a suspensão do tempo que
permite à velha tia voltar a ser
criança.
São esses pequenos detalhes
que influenciam no conjunto e
tornam o filme um trabalho
que pode ser assistido com prazer tanto como puro entretenimento para a família como
também por quem gosta de encontrar interpretações sob outras camadas de significados.
AS CRÔNICAS DE SPIDERWICK
Produção: EUA, 2008
Direção: Mark Waters
Com: Freddie Highmore, Sarah Bolger, Seth Rogen e Mary-Louise Parker e outros
Onde: estréia hoje nos cines Anália Franco, Bristol e circuito
Avaliação: bom
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