São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 2008

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Em Curitiba, mostra Fringe é "showroom" teatral

No espírito "venha quem vier", seção experimental do evento reúne mais de 250 espetáculos, de 17 Estados

Peças são apresentadas em 39 espaços, entre palcos convencionais e alternativos; festival começou ontem

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A 17ª edição do Festival de Curitiba, que começou ontem, tem na sua mostra alternativa, o Fringe, a parte mais divertida. É por conta dela, hoje na casa de 251 espetáculos vindos de 17 Estados, que se vê o vaivém de artistas e público em geral pelo centro histórico da cidade, repleto de cartazes e panfletos.
"É um showroom como em Edimburgo. Todo mundo vai lá tentar mostrar seu trabalho para vendê-lo", afirma o ator e palhaço Hugo Possolo. Em 2001, o seu grupo Parlapatões (SP) passou pelo evento que espelha a organização da mostra paralela em Curitiba, o Fringe ("granja", em inglês), o festival escocês que recebe anualmente mais de 600 companhias de artes cênicas de todo o planeta, há mais de 50 anos.
Para Possolo, o Fringe curitibano deve manter o espírito democrático do "venha quem vier", mantido desde a primeira edição, em 1998. "É um evento para soltar mesmo, não pode ter curadoria", diz.
A organização incentiva a não-seleção das peças porque entende que a função do Fringe é "ser um espaço absolutamente democrático, de crescimento infinito da oferta de espetáculos, que reflita a riqueza e variedade das artes cênicas", para o bem e para o mal.
Entre os 39 espaços (palcos convencionais ou alternativos), 14 deles têm autonomia para escolher quem recebe na programação. Neste ano, por exemplo, teatros como Cléon Jacques, José Maria Santos e Teuni recebem trabalhos com cunho mais experimental (confira ao lado).
Para participar, basta a inscrição. A taxa é de R$ 60 para espaços fechados e de R$ 50 para apresentações ao ar livre. Este valor da rua é devolvido pela organização. Nos teatros, as companhias ficam com 75% da bilheteria, com ingressos que podem custar até R$ 30.
Segundo a coordenadora do Fringe, Meire Abe, a maioria dos grupos tenta apoio em secretarias municipais ou estaduais de Cultura, além de patrocínio da iniciativa privada. Neste ano, houve pelo menos 19 desistências em função da falta de recursos para viajar.
Para Possolo, Curitiba fica devendo a Edimburgo quando se trata da recepção crítica dos espetáculos. O Fringe europeu fomenta pelo menos quatro publicações independentes, e não o mero catálogo com sinopses que acompanha diariamente as sessões, guiando o espectador em meio à oferta.
Neste ano, por exemplo, Curitiba não publicará o jornal "Diário do Fringe", que preenchia um pouco essa demanda de críticas dos espetáculos.
Ao público, como aos jornalistas, o ator aconselha ficar atento ao boca-a-boca. "Senão daqui a pouco tem duas vans cheias de jornalistas de várias regiões do país vendo as mesmas peças", alerta Possolo.
A maratona inclui montagens de Estados como Pernambuco, Bahia, Sergipe e Ceará, além de produções estrangeiras vindas de Itália, Alemanha, Chile e Argentina.


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