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Em Curitiba, mostra Fringe é "showroom" teatral
No espírito "venha quem vier", seção experimental do evento reúne mais de 250 espetáculos, de 17 Estados
Peças são apresentadas em 39 espaços, entre palcos convencionais e alternativos; festival começou ontem
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A 17ª edição do Festival de
Curitiba, que começou ontem,
tem na sua mostra alternativa,
o Fringe, a parte mais divertida.
É por conta dela, hoje na casa
de 251 espetáculos vindos de 17
Estados, que se vê o vaivém de
artistas e público em geral pelo
centro histórico da cidade, repleto de cartazes e panfletos.
"É um showroom como em
Edimburgo. Todo mundo vai lá
tentar mostrar seu trabalho para vendê-lo", afirma o ator e palhaço Hugo Possolo. Em 2001,
o seu grupo Parlapatões (SP)
passou pelo evento que espelha
a organização da mostra paralela em Curitiba, o Fringe
("granja", em inglês), o festival
escocês que recebe anualmente
mais de 600 companhias de artes cênicas de todo o planeta, há
mais de 50 anos.
Para Possolo, o Fringe curitibano deve manter o espírito democrático do "venha quem
vier", mantido desde a primeira
edição, em 1998. "É um evento
para soltar mesmo, não pode
ter curadoria", diz.
A organização incentiva a
não-seleção das peças porque
entende que a função do Fringe
é "ser um espaço absolutamente democrático, de crescimento
infinito da oferta de espetáculos, que reflita a riqueza e variedade das artes cênicas", para o
bem e para o mal.
Entre os 39 espaços (palcos
convencionais ou alternativos),
14 deles têm autonomia para
escolher quem recebe na programação. Neste ano, por
exemplo, teatros como Cléon
Jacques, José Maria Santos e
Teuni recebem trabalhos com
cunho mais experimental (confira ao lado).
Para participar, basta a inscrição. A taxa é de R$ 60 para
espaços fechados e de R$ 50 para apresentações ao ar livre. Este valor da rua é devolvido pela
organização. Nos teatros, as
companhias ficam com 75% da
bilheteria, com ingressos que
podem custar até R$ 30.
Segundo a coordenadora do
Fringe, Meire Abe, a maioria
dos grupos tenta apoio em secretarias municipais ou estaduais de Cultura, além de patrocínio da iniciativa privada.
Neste ano, houve pelo menos
19 desistências em função da
falta de recursos para viajar.
Para Possolo, Curitiba fica
devendo a Edimburgo quando
se trata da recepção crítica dos
espetáculos. O Fringe europeu
fomenta pelo menos quatro publicações independentes, e não
o mero catálogo com sinopses
que acompanha diariamente as
sessões, guiando o espectador
em meio à oferta.
Neste ano, por exemplo, Curitiba não publicará o jornal
"Diário do Fringe", que preenchia um pouco essa demanda
de críticas dos espetáculos.
Ao público, como aos jornalistas, o ator aconselha ficar
atento ao boca-a-boca. "Senão
daqui a pouco tem duas vans
cheias de jornalistas de várias
regiões do país vendo as mesmas peças", alerta Possolo.
A maratona inclui montagens de Estados como Pernambuco, Bahia, Sergipe e Ceará,
além de produções estrangeiras vindas de Itália, Alemanha,
Chile e Argentina.
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