São Paulo, sábado, 21 de março de 2009

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"Mandioca News" global celebra 1.500 programas

Criado em 1979, pioneiro "Globo Rural" exibe reportagem especial sobre buriti

"A gente filma a coisa no tempo que ela precisa ter para acontecer [...] É quase uma biotelevisão", diz editor-chefe do programa

Larte


AUDREY FURLANETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em 1979, quando Humberto Pereira, hoje com 70 anos, iniciou a implantação do "Globo Rural", era comum ouvir nos corredores da Globo comentários sobre o tal "Mandioca News", apelido que o jornalístico ganhou por ter um tema, segundo o editor-chefe, considerado "menor" naquela época.
A emissora, no entanto, havia feito uma pesquisa e descoberto que, na área rural, existiam 4 milhões de televisores -e nenhuma programação específica para aquele público. Além disso, o presidente João Figueiredo (1979-1985) incentivava a agricultura com o slogan "Plante que o João garante!". Pereira, então, pôde convocar os que considerava os "jornalistas de vanguarda" da época, como Paulo Patarra, um dos fundadores da revista "Realidade". Quase 30 anos depois e com o mesmo editor à frente, o ex-"Mandioca News" completa 1.500 edições amanhã, com uma grande reportagem sobre o buriti, que, como muitas outras do programa, levou mais de três meses para ser finalizada, passou por Minas Gerais, Bahia e Goiás, terá citações de Guimarães Rosa e texto rimado do repórter Nelson Araújo -na equipe há quase 20 anos.
"Vereda anuncia o cerrado/ Mas nomeou um encarregado/ Pra ter propaganda de si/ É o vistoso monumento/ Que com respeito eu apresento/ Sua excelência, o buriti", escreveu o repórter para a introdução da matéria especial que será exibida amanhã.

Biotelevisão
Essa linguagem, de ritmo "um pouco mais calmo", segundo o editor, é a tentativa de fazer uma "biotelevisão". "Tudo de que falamos no "Globo Rural" tem vida. É uma planta, ou uma árvore, ou uma bactéria. O ritmo que a gente dá é o ritmo da vida, é o ritmo biológico. Daí o plano-sequência longo. A gente filma a coisa no tempo que ela precisa ter para acontecer. Não compactamos nem esticamos o tempo. É quase uma biotelevisão", diz Pereira. Com uma hora de duração, o dominical, que ganhou versão diária (mais curta, às 6h10) no ano 2000, mantém média de 12 pontos no Ibope. Seu horário, 8h, que pode soar um tanto ingrato para os telespectadores "urbanos", é considerado uma de suas virtudes. "É um horário para quem quer escolher o que ver na televisão. O horário noturno, oito da noite, é hora de ver televisão, ou seja, todo mundo liga. No nosso caso, não. É para quem quer, procura, precisa do programa", diz.


GLOBO RURAL
PROGRAMA 1.500


Quando: amanhã, às 8h
Onde: na Globo
Classificação: livre


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