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"Internet é mais banco de dados do que canal"
COLUNISTA DA FOLHA
"Não se vê menos TV. Há
mais gente assistindo do que há
dez anos, mas em outras telas.
A audiência está se diluindo. As
coisas vão acontecer em todas
as telas -é irrelevante discutir
em qual delas", diz Silvio Meira,
professor do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco e
chefe do Cesar (Centro de Estudos e Sistemas Avançados do
Recife).
Segundo ele, no
Brasil, emissoras se
confundiram com redes de televisão. Juntaram, assim, duas discussões: o meio internet
e TV e os conteúdos.
Há dez anos, a companhia espanhola Telefônica
criou no Brasil o Terra TV,
que funciona como várias
emissoras e exibe séries, jornalismo e esportes.
Como empresa estrangeira, a
Telefônica não poderia controlar uma emissora. Mas não há
leis para esse serviço na web.
"No início, os detentores de
direitos não tinham conhecimento do papel da rede", lembra Paulo Castro, diretor-geral
do portal Terra Brasil.
A virada, diz, ocorreu em
2006, "quando a Fifa entendeu
que havia espaço para novas
mídias e conseguimos licenciar
jogos da Copa".
Em 2010, o Terra TV foi alternativa na transmissão dos
Jogos de Inverno de Vancouver. Detentora dos direitos da
competição para sinal aberto, a
Record levou 80 profissionais
ao Canadá e transmitiu mais de
cem horas de programação para 38,3 milhões de pessoas.
Já o Terra montou equipe de
60 pessoas e contabilizou 8,3
milhões de acessos aos vídeos.
Ali, o internauta pôde acompanhar, quando quis, até várias
competições ao mesmo tempo.
Para Castro, a internet concorre com a televisão pela atenção do usuário, "mas é mais um
banco de dados que um canal".
A democratização da oferta é
óbvia. Com o barateamento da
tecnologia e facilidades de veiculação, em tese, qualquer um
pode ter seu canal. "Mas é uma
falácia dizer que a Globo vai
competir com amigos que têm
uma câmera. A capacidade empresarial será levada para a internet", diz Charo Chalezquer,
da Universidade de Navarra.
Porém, mais do que qualidade, os direitos sobre o conteúdo
chamam a atenção. O Congresso está longe de abordar o assunto, que se resolve na prática.
Exemplo: nesse mês, a MTV
notificou o Google para receber
por vídeos no YouTube.
Além dessa, outra questão
avança pelo subsolo: a rede de
banda larga, a qual o governo
promete universalizar. Sem infraestrutura, é inócuo falar de
novos modelos de negócios ou
tendências de consumo.
Em abril, o Executivo deve
apresentar um plano nacional,
com implementação efetiva em
2011. A meta será chegar a 300
municípios até o final do ano. O
objetivo inicial, porém, era
concluir o governo Lula com
banda larga em 3.200 cidades.
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