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Globo cogitou contratar Ratinho
ELVIRA LOBATO
da Sucursal do Rio
A TV Globo cogitou contratar o
apresentador Carlos Massa, o Ratinho, para dirigir um programa
para jovens na emissora. O estudo
foi feito no ano passado, quando
ele ainda comandava o "190 Urgente", na CNT.
O plano não saiu do âmbito interno da emissora e Massa acabou
contratado pela Record, onde tem
superado a audiência da Globo
com o polêmico "Ratinho Livre".
A informação de que a Globo
quis ter Ratinho foi dada à Folha
pelo vice-presidente da emissora,
Roberto Irineu Marinho. "Não vamos menosprezá-lo. O Ratinho é
um camarada com um carisma
danado", afirma.
Apesar dos elogios ao apresentador, Roberto Irineu critica o programa "Ratinho Livre" e disse
que, se depender da Globo, Massa
continuará na Record. Segundo
ele, a Globo não compra o passe
de artistas que tenham contratos a
cumprir com outras emissoras e o
de Ratinho ainda tem três anos pela frente.
A seguir, os principais trechos
da entrevista.
Folha - Como o senhor está vendo o sucesso do Ratinho na Record?
Roberto Irineu Marinho - Com
muita tristeza. Não vamos menosprezá-lo. É um camarada com um
carisma danado e poderia estar fazendo um programa de melhor
qualidade, com grande sucesso. É
um desperdício usar o Ratinho em
um programa tão ruim.
Folha - Mas ele tem batido a Globo em audiência. Isso não mostra
que o brasileiro gosta desse tipo
de programa?
Roberto Irineu - Brasileiro gosta de novidade e novidade passa. O
"Aqui e Agora" (do SBT), que era
muito menos agressivo do que o
"Ratinho Livre", também fez muito sucesso e acabou.
Folha - A Globo cogita comprar o
passe do Ratinho?
Roberto Irineu - Temos um código de ética na empresa: não
compramos o passe de ninguém
que tenha contrato em andamento
em outra emissora e não rompemos com esse código. Se depender
de nós, o Ratinho ainda vai ficar
muito tempo na Record.
Folha - A Globo chegou a pensar
em contratá-lo?
Roberto Irineu - Chegamos a
avaliar a hipótese de fazer um programa com ele, mas com outra linguagem, outro comportamento.
Não há hipótese desse tipo de programa na Globo.
Folha - O que foi cogitado para
ele?
Roberto Irineu - Um programa
para jovens, mas desistimos da
idéia. Isso foi antes de ele ter sido
contrato pela Record. Ele ainda estava na CNT.
Folha - Os senhores chegaram a
apresentar a proposta a ele?
Roberto Irineu - Não. A discussão ficou em âmbito interno.
Folha - Na época, os senhores
imaginavam que ele poderia fazer
esse estrago na audiência da Globo?
Roberto Irineu - Que estrago?
Não tem estrago nenhum. Ele não
tirou um real do nosso faturamento. Nenhum anunciante desvia
verba de publicidade da Rede Globo para aquele tipo de programa.
Folha - De qualquer maneira, o
sucesso do programa corrói a imagem da Globo, porque está tirando audiência no horário nobre.
Roberto IrineuNão acho que o
"Ratinho Livre" esteja corroendo
a Globo, embora ele possa estar
deixando algumas pessoas nervosas na emissora.
Folha - O senhor está nervoso?
Roberto IrineuJuro por Deus
que não.
Folha -Há quem atribua a audiência do Ratinho ao crescimento
das TVs por assinatura. A elite estaria preferindo os canais pagos,
empurrando as TVs abertas para
uma programação cada vez mais
popular.
Roberto Irineu - Não concordo
com essa análise. O sucesso do Ratinho é um fenômeno da cidade de
São Paulo, que recebeu uma migração muito grande de miseráveis. No interior do Estado, o programa não tem essa repercussão.
No Rio, só tem quatro pontos de
audiência.
Folha - Mas como São Paulo é a
maior cidade do país, o fato tem
ressonância nacional.
Roberto Irineu - Tem ressonância, mas achamos que o programa dele vai ter o mesmo destino do "Aqui e Agora". Vai desaparecer.
Folha - Os senhores não vão alterar em nada a programação da
Globo?
Roberto Irineu - Vamos estrear
a nova programação para o ano,
que traz inovações boas. Mesmo
nos programas atuais, estamos
mexendo bastante, dando uma sacudida. No fundo, ele (Ratinho)
nos obriga a apresentar novidades, a sacudir, mas não a baixar o
nível. Brasileiro adora novidade,
então vamos mostrar novidade,
mostrar trabalho.
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