São Paulo, segunda, 21 de abril de 1997.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SEXTA-FEIRA
Show de Baianos é datado e histórico

Janete Longo/Folha Imagem
Marisa Monte e Baby do Brasil no show que reuniu os Novos Baianos


PAULO VIEIRA
Editor-adjunto da Ilustrada

E enfim chegou sexta-feira. Os Novos Baianos se reagruparam no show/aniversário de Moraes Moreira, terceira noite do Heineken Concerts em São Paulo.
Se não havia a pretensão, a circunstância tornou a data histórica. O público ansiava pelo reencontro, o repertório extenso incluía clássicos, os músicos estavam a fim, há algo favorável no imaginário coletivo sobre a década de 70.
Moraes iniciou o espetáculo às 22h20 com banda e repertório próprio. Logo chamou o convidado Armandinho, que colocou fogo numa versão furiosa de "Festa do Interior" -mas, no público, só uma mulher dançava.
Se isso poderia significar mau augúrio, a mesa virou com a entrada de Marisa Monte. Ocorre que a platéia simplesmente a idolatra.
Moraes disse que sonhava vê-la cantando "Sonhei que Estava em Portugal", um fado eletrificado em que Marisa não achou a cadência correta e deixou a desejar nos vocalises à Madredeus.
Moraes ficou sozinho e mandou "Trem das Onze". Vieram os filhos, primeiro Davi Moraes, com cabelos curtos -coisa inadmissível na década dos Baianos. Veio Pepeu, o baixista "Leãozinho" Dadi, o baterista Jorginho Gomes e o primogênito de Pepeu e Baby.
A esta altura já havia rolado "Colégio de Aplicação" e "Acabou Chorare". Chega então Baby com penacho na cabeça, meia calça branca e um colante de vinil.
Paulinho Boca de Cantor também entra, e Caymmi é reverenciado com "O Samba da Minha Terra". O que se vê daí por diante é o supra-sumo do grupo.
Músicos talentosíssimos executando repertório clássico dos Baianos e coisas como "Brasil Pandeiro", uma das obras-primas que a geração de Assis Valente legou e o grupo teve a inspiração de gravar.
Teve, claro, "Brasileirinho" e a arrebatadora "Preta, Pretinha". Galvão, o "poeta" do grupo, foi chamado, divulgou o livro "Anos 70 - Novos e Baianos" (editora 34, R$ 28) e recitou algo próprio.
Datado? Datadíssimo. O que reforça o travo ruim na garganta por ver como a MPB trançou pernas nestes últimos 20 e poucos anos.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright 1997 Empresa Folha da Manhã