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MÚSICA
"Pai do punk" celebra a data relançando "Raw Power", releitura do álbum produzido por Bowie em 1973
Iggy Pop faz 50 anos com "disco novo"
RUBENS LEME DA COSTA
especial para a Folha
Promovendo o relançamento de
"Raw Power". É dessa maneira
que Iggy Pop promete celebrar
seus 50 anos, hoje. O disco deve
sair amanhã.
O "pai do punk", como é conhecido um dos mais importantes
nomes do rock, nascido em Detroit, berço da indústria automobilística norte-americana, pretende comemorar com simplicidade.
Iggy mexeu em todas as bases do
disco produzido por seu mais ilustre colaborador e ardoroso fã, David Bowie. Um dos motivos para
tal mudança radical no disco foi a
insatisfação com o resultado da
produção de Bowie na época.
Iggy, na verdade James Newell
Osterberg, fundou os Stooges no
final da década de 60 e tinha como
objetivo "cuspir no olho dos hippies", como disse, e provocar o
público com suas letras e atitudes
no palco.
O conjunto fez apenas dois discos com sua formação original
-"The Stooges" (69) e "Fun
House" (70). Em ambos, Iggy bufa, pede para ser tratado como cão
e fala de sexo. Os lançamentos obviamente não fizeram sucesso comercial.
A volta
Após a dissolução da primeira
formação da banda, Iggy retomou
o grupo em 1973, após uma ajuda
de Bowie, que o encontrou em
uma clínica para desintoxicação.
Na época, amparado pelo sucesso de seu mais famoso personagem, Ziggy Stardust, Bowie pressionou a gravadora RCA para que
contratasse tanto Pop quanto Lou
Reed, ex-líder do grupo Velvet
Underground.
Iggy passava então por dificuldades financeiras, e Bowie acabou
produzindo "Raw Power".
Com clássicos como "Search
and Destroy" (que virou recentemente tema de anúncio da Nike),
"Gimme Danger" e "Penetration", Iggy sedimentou toda a base que os punks usariam alguns
anos mais tarde.
O disco foi creditado a Iggy and
the Stooges e tinha a presença na
guitarra de James Williamson, que
seria um dos colaboradores mais
ativos que Iggy já teve.
Em 77, Iggy se muda com Bowie
para Berlim. Enquanto Bowie, ao
lado de Brian Eno, produz "Low"
e "Heroes", Iggy começa sua carreira solo com dois discos: "The
Idiot" e "Lust for Life".
Apesar dos elogios da crítica, os
dois álbuns não fazem sucesso.
Uma das maiores curiosidades do
primeiro disco de Iggy é uma faixa
chamada "China Girl", que seis
anos depois se transformaria em
um dos maiores sucessos da carreira de Bowie.
Sucesso
Em 86, Iggy consegue seu maior
êxito comercial com o disco "Blah
Blah Blah", impulsionado pelo
sucesso de faixas pop como "Cry
for Love" e "Real Wild Child".
Iggy supera com um único disco
toda a vendagem de sua longa carreira. O produtor? Novamente David Bowie.
Decepcionado com o resultado
"frouxo" do disco, como ele próprio definiu, em 88 volta a fazer
um rock mais básico, feroz, fiel ao
seu estilo, com "Instinct", que
rendeu uma turnê que passou inclusive pelo Brasil.
A segunda grande guinada comercial vem em 90, com a canção
"Candy", em que ele divide vocais com Kate Pierson, dos B-52's,
que entrou na última hora no lugar
da convidada original -Chrissie
Hynde, líder dos Pretenders.
Nos trabalhos posteriores, Iggy
abandonou o pop e voltou às origens -época em que, segundo
disse, só queria fazer uma "música alta, cristalina e que pusesse todo mundo para dançar".
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