São Paulo, terça, 21 de abril de 1998

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Octavio Paz morre aos 84

France Presse
O escritor, poeta e ensaísta Octavio Paz, que morreu ontem aos 84 anos, em foto de 1996


das agências internacionais

O escritor, poeta e ensaísta mexicano Octavio Paz, o mais celebrado autor da América Latina nos últimos anos, morreu às 23h35 de anteontem, aos 84 anos, em sua casa na capital mexicana.
O corpo do escritor foi velado a partir das 14h de ontem no palácio de Belas Artes, de onde não sairia "enquanto houvesse gente para render-lhe homenagem", segundo afirmou a gerente do local, Silvia Carreño.
A morte de Paz (autor de "Salamandra", entre muitos outros) foi anunciada publicamente na madrugada de ontem pelo presidente do país, Ernesto Zedillo, que afirmou que "o México perdeu seu maior pensador e poeta".
Octavio Paz, prêmio Nobel de literatura em 1990, tinha câncer e flebite (inflamação da membrana interna das veias), que o afastaram de atividades públicas nos últimos anos. Ainda assim, em dezembro de 97, assistiu à abertura da fundação que recebe o seu nome.
Os últimos meses da vida do escritor foram marcados por uma série de incidentes. A começar pelo incêndio de sua casa na Cidade do México, em dezembro de 96, que o abalou profundamente por destruir parte de sua biblioteca, onde guardava exemplares de obras raras e pinturas. Desde então, Paz foi internado várias vezes, em função de sua doença.
Em julho de 1994, o poeta foi submetido a uma operação cardíaca em Houston, nos EUA, mas sua recuperação foi satisfatória.
No ano passado, a Universidade Nacional Autônoma do México instituiu uma cátedra extraordinária para Octavio Paz. Foi a primeira vez que uma cadeira foi criada para homenagear um escritor ainda vivo.
Carreira diplomática
Octavio Paz viveu e atuou em diversos países. Em 1938, mudou-se para Paris, onde entrou em contato com o surrealismo e o existencialismo.
Entre 1945 e 1951, trabalhou na embaixada do México na capital francesa e, de 1962 a 1968, foi embaixador na Índia, cargo que abandonou por razões políticas.
O poeta foi casado com a escritora Elena Garro, com quem teve uma filha, Helena, e com Marie José Tramini, artista plástica de origem francesa.
Em agosto de 1997, Paz afirmou, em entrevista para a televisão mexicana, que a poesia "é a memória dos povos e uma grande "fabricante' de fantasmas".
"A memória é criadora e, assim, paradoxo da poesia. Esta é a memória dos povos, mas também aquela parte secreta da alma na qual, de alguma forma obscura e ambígua, se reflete e perfila o futuro", disse o poeta.



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